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Nestlé anuncia plantio e cultivo de 6 milhões de árvores em áreas degradadas em Minas Gerais

A prática, que contribuirá com a restauração de 4 mil hectares em áreas de Cerrado e Mata Atlântica, é a maior da Nestlé no Brasil até o momento

Marcelo Melchior, CEO da Nestlé no Brasil (Leandro Fonseca/Exame)

Marcelo Melchior, CEO da Nestlé no Brasil (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 27 de junho de 2024 às 06h00.

A fabricante de alimentos Nestlé anuncia um projeto de reflorestamento e manutenção de 6 milhões de árvores. A prática, que contribuirá com a restauração de 4 mil hectares em áreas de Cerrado e Mata Atlântica no estado de Minas Gerais, é a maior da companhia no Brasil até o momento.

"Realizar este projeto no Brasil é bastante importante para a Nestlé, globalmente, visto que o país está super-representado em vendas, mas também na pegada de carbono por conta da produção leiteira. Nós temos o compromisso de reduzir nossas emissões e otimizar práticas como o reflorestetamento", diz Marcelo Melchior, CEO da Nestlé no Brasil, em entrevista à EXAME. 

A iniciativa, que terá 30 anos de duração, é parte do Programa Global de Reflorestamento da companhia, que vai plantar e cultivar 200 milhões de árvores nativas até 2030, em diversos biomas associados à produção de ingredientes que a empresa consome em todo o mundo. O programa é uma das iniciativas da companhia para contribuir com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e se tornar Net Zero em 2050.

Com financiamento integral da Nestlé, a iniciativa será gerenciada pela NatureCo, empresa australiana de soluções baseadas na natureza, que trabalha em parceria com uma rede global de ONGs ambientais. Localmente, a parceria é com  Instituto Espinhaço, ONG ambiental, localizada em Minas Gerais, com foco em reflorestamento para recuperação de bacias hidrográficas.

“A urgência climática é uma realidade que nos leva a olhar todas as atividades de forma sistêmica, com a ambição não apenas de sustentar, mas de regenerar os sistemas alimentares”, afirma Barbara Sapunar, Diretora Executiva de Business Transformation na Nestlé Brasil. 

De acordo com ela, as áres de reflorestamento estão bastante próximas das cadeias produtivas da companhia, além de serem essenciais para o Brasil. “Na Mata AtlÂntica, por exemplo, há apenas 7% da floresta original. A expectativa é que o cultivo de árvores em áreas onde adquirimos nossos principais ingredientes contribua com a fertilidade do solo e um ecossistema mais saudável".

Benefícios para o produtor

Depois de dois anos de estudos e análises com o Instituto Espinhaço, a Nestlé convocou um processo de escuta com o terceiro setor, poder público e pordutores, e entendeu que o melhor modelo de atuação é aquele no qual o plantio e toda a gestão da área é gerida pelo Instituto. O produtor, que participar do projeto, receberá setenta e cinco dólares por hectar disponibilizado e, se necessário, realizará instruções de manuteção dadas pelos gestores.

"O produtor tem interesse em participar do projeto porque consegue readequar, legalmente, uma área até então degrada, sem custo algum. Na prática, ele sede o terreno e nós cuidamos do resto", diz Melchior.

Os passos da Nestlé no reflorestamento

A fase de plantio, que tem início nas próximas semanas, será realizada até 2027. Serão plantadas mudas de mais de 100 espécies nativas no entorno de nascentes, córregos e rios que fazem parte das bacias hidrográficas dos rios Doce e São Francisco. A área de abrangência é planejada para ir da capital mineira, Belo Horizonte, a Montes Claros, no norte do estado.

Após o plantio, as áreas serão monitoradas até que as florestas se consolidem. “Queremos contribuir com a recuperação da biodiversidade desses territórios, e também com a qualidade de vida das pessoas, por meio da criação de oportunidades de emprego e renda”, diz Sapunar.

O projeto de reflorestamento é um dos pilares da agenda de sustentabilidade da Nestlé Brasil, que se comprometeu a, até 2025, adquirir 30% das principais matérias-primas (leite, café e cacau) de propriedades que aplicam práticas de agricultura regenerativa. A companhia também pretende reduzir em 50% as emissões de CO2 na atmosfera até 2030 e se tornar uma empresa Net Zero em 2050.

Em termos de crédito de carbono, Sapunar vê oportunidades. "Temos uma avaliação inicial, mas dependerá muito do tempo de desenvolvimento de cada uma das especíeis e do sucesso do projeto. O  produtor também terá acesso a parte desse crédito de carbono, algo em torno de 10%", Sapunar.

Contudo, essa não é a primeira vez que a Nestlé anuncia projetos de reflorestamento. Em 2020, a Nestlé anunciou o plantio de ao menos três milhões de árvores em seus principais locais de fornecimento de matérias-prima. "Estamos aprendendo o que funciona ou não e quais são os parceiros ideias. É preciso ter em mente que essas árvores, no longo prazo, mudam a biodiversidade das áreas do projeto e beneficiam toda a região", diz Melchior.

Práticas de sustentabilidade da Nestlé

A companhia mantém programas de sustentabilidade nas cadeias de fornecimento de cacau, leite e café.
Juntas, as três cadeias reúnem cerca de 10 mil produtores rurais que seguem boas práticas ambientais e de direitos humanos.

Em 2025, a Nestlé planeja atingir 100% de compras de cacau sustentável, por meio do Nestlé Cocoa Plan, programa de sustentabilidade que reúne mais de 6.500 produtores. "Acreditamos que o Brasil pode voltar a ser autosuficiente no plantio de cacau e estamos trabalhando com os produtores para que isto ocorra", diz Melchior.

Na cadeia do leite, o programa de sustentabilidade Nature por Ninho trabalha em parceria com cerca de 1.200 produtores, difundindo e monitorando práticas de cuidados com o solo, a água e o bem-estar animal.

"Neste programa, apoiamos e remuneramos mais de 1.200 parceiros fornecedores que implementam práticas regenerativas (redução do uso de água, cuidados com o solo, como culturas de cobertura, e bem-estar animal). Neste ano, o programa de sustentabilidade da cadeia do leite ampliou o monitoramento das fazendas fornecedoras da empresa, que passam a contabilizar a pegada de carbono, além dos cuidados com o solo, com a água e com o bem-estar dos animais, que já eram verificados anualmente", diz Sapunar.

Na cadeia do café, o Cultivado com Respeito, criado há mais de 10 anos, é o maior programa de sustentabilidade da cafeicultura no mundo. Atualmente, são 1.500 fazendas certificadas, com 100% de rastreabilidade da matéria-prima adquirida pela Nestlé.

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