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Natura: uso de protocolo em casos de eventos climáticos é frequente (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 20 de maio de 2024 às 13h59.
Um protocolo de apoio para casos de calamidades estruturado pela fabricante de cosméticos Natura no início da pandemia da covid-19, em 2020, foi utilizado mais de 20 vezes apenas para crises causadas pelas mudanças climáticas, sendo a no Rio Grande do Sul, a mais abrangente.
Na prática, o protocolo é um guia para a rápida ação de diferentes áreas da empresa. "Em momentos de crise não há tempo a perder. O protocolo auxilia nas orientações de negócios, saúde, entre outros", diz Ângela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura, em entrevista à Exame.
Com mais de 80 mil pessoas no estado do Rio Grande do Sul, entre consultoras, líderes e funcionários diretos e indiretos, a Natura está oferecendo suporte social, médico e psicológico por meio de telemedicina e de sua Central Social para consultoras de beleza, parceiros e funcionários.
A empresa também tem prorrogado pagamentos de consultoras ou perdoado dívidas em casos críticos, além de antecipar recebíveis de fornecedores locais. Além disto, haverá ainda a necessidade de reformar o Centro de Distribuição no município de Canoas.
Ainda foram doadas cinco toneladas de agasalhos e 10 milhões em produtos de higiene pessoal à Defesa Civil e ao Unicef, além de água e apoio logístico. "Temos 2 milhões de consultoras no Brasil, que se solidarizam com as que foram impactadas. Então, além de todo o apoio da Natura, temos visto a força do voluntariado delas junto à Defesa Civil em 489 cidades do Rio Grande do Sul", diz Pinhati. Segundo a executiva, em casos específicos, como de maquiadores que perderam todo o material de trabalho, itens de maquiagem e beleza também estão sendo disponibilizados.
A Natura também lançou uma campanha de arrecadação combinada, conhecida como matchfunding, para ampliar o engajamento em suporte às vítimas. Cada real doado será dobrado pela empresa, com o objetivo de alcançar R$1 milhão doados por pessoas físicas e mais R$1 milhão doados pela empresa.
Apesar da gravidade da situação no Rio Grande do Sul, Pinhati lembra que essa não é a primeira ação emergencial climática, e que os negócios precisam ser mais sustentáveis para a mitigação dos efeitos no clima.
"No ano passado, 17 mil consultoras foram impactadas pela seca na Amazônia. Com a baixa dos rios elas não conseguiam receber mantimentos ou despachar insumos para a Natura. Ali, mobilizamos pessoas para que o acesso acontecesse e elas tivessem a sobrevivência garantida. Isto é reflexo de como as crises climáticas estão mais frequentes, impactando diretamente a sociedade e as empresas, que precisam mudar o modus operandi".
Para garantir a sustentabilidade dos negócios e da natureza, a Natura é carbono neutro desde 2007 e tem reduzido as emissões de carbono, além de oferecer apoio aos forncedores nesta frente. De acordo com Pinhati, a empresa já evitou a emissão de mais de 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera por meio de projetos de inovação de baixo impacto. Além disso, compensou mais de 4 milhões de créditos de carbono de alta integridade, certificados com metodologias estabelecidas que garantem a permanência do carbono armazenado e verificáveis quanto ao impacto positivo para compensar as emissões.
Em maio de 2023, a Science Based Targets initiative (SBTi), em colaboração com as Nações Unidas, aprovou a meta de curto prazo da Natura &Co, comprometendo-se a reduzir as emissões absolutas de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2 em 90% até 2030.
"Vamos ainda reduzir as emissões absolutas de gases de efeito estufa do escopo 3, decorrentes de bens e serviços, transporte a montante e distribuição, e tratamento no final de vida útil dos produtos vendidos, em 42% até 2030 a partir do ano-base de 2020, em linha com o cenário de 1,5 °C segundo o Acordo de Paris", diz. A executiva reforça que desde 2020 foram reduzidas mais de 30% das emissões.
A Natura avalia os impactos tanto para seus negócios quanto para a sociedade com o Integrated Profit & Loss (iP&L). Além disso, a empresa possui um histórico de metas de Sustentabilidade e ESG robustas e inovadoras que incluem a redução de emissões de CO2, uso sustentável de recursos naturais e proteção da biodiversidade.
“A tragédia no estado do Rio Grande do Sul é resultado de um modelo de desenvolvimento predatório ao longo de muitos anos. Mas não precisa ser assim. A Natura é um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com progresso social e ambiental, promovendo negócios ligados à bioeconomia da sociobiodiversidade”, conclui.
Entre os exemplos elencados pela executiva está o fato da Natura não utilizar em suas fórmulas ingredientes que impactam negativamente as metas de emissão de carbono. "Ao optar por insumos naturais, conseguimos reduzir significativamente nossa pegada de carbono e promover práticas mais sustentáveis. Além disto, não aprovamos novos produtos que sejam mais emissores do que as suas versões anteriores, por exemplo".
Um exemplo é a busca pela inovação na cadeia da palma. “Estamos implementando sistemas agroflorestais com até 18 espécies de árvores nativas da Amazônia. No ano passado tínhamos 100 hectares neste sistema e agora já estamos com 500 hectares, sendo a meta atingirmos 40 mil hectares em 2035”.
Para Pinhati, os exemplos da Natura são parte do compromisso na transição climática, que deve ser assumida por mais empresas e governos. “Não podemos nos conformar com as catástrofes climáticas. É preciso mudança imediata para uma transição segura e justa que diminua os impactos negativos do clima”, finaliza.