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#NãoVolte: o ESG é uma agenda de negócios e beneficia todas as empresas

Em artigo, Malu Pinto e Paiva, diretora de Sustentabilidade da Suzano, fala os diversos instrumentos financeiros disponíveis no escopo do ESG

Malu Paiva: "Não há é espaço para ignorar a urgência deste movimento que vem com força total para avançar nessa década" (Sawitree Pamee / EyeEm/Getty Images)

Malu Paiva: "Não há é espaço para ignorar a urgência deste movimento que vem com força total para avançar nessa década" (Sawitree Pamee / EyeEm/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 12h08.

A pandemia, mesmo com suas consequências devastadoras para muitas famílias e fortes abalos na economia do país, tem aberto importantes janelas de oportunidades que não devem passar despercebidas. Uma delas foi a aceleração do debate sobre a agenda ESG, que ganhou espaço em definitivo na pauta das empresas. Essa agenda soma-se ao chamamento feito pela ONU da Década da Ação, tendo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como balizadores até 2030. 

Para companhias que já possuíam a sustentabilidade integrada ao negócio, essa movimentação vem para engrossar o coro e, quanto mais gente falando sobre o assunto, novas ideias e abordagens tendem a surgir. Todos têm a ganhar com isso. 

Para aquelas organizações que ainda estão dando os primeiros passos, há várias frentes que podem ser adotadas para avançar na agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança). Uma delas é amarrar a estratégia de captação financeira que agrega fatores ambientais e/ou sociais. O green bond foi o primeiro com esta característica a chegar ao mercado brasileiro em 2014. Os recursos captados por esse tipo de emissão têm que ser direcionados a projetos específicos que entreguem benefícios ambientais. Há interesse crescente por esses títulos. De acordo com a Climate Bonds Initiative (CBI), a movimentação de green bonds no mercado brasileiro em 2019 alcançou US$ 1,2 bilhão, quase seis vezes mais que o registrado no ano anterior. Exemplos de empresas que já emitiram esses bonds são a Suzano, BRF, Mafrig e Klabin.

Uma alternativa – e diria até uma evolução em relação ao green bond – chegou ao Brasil em 2020: Sustainability-Linked Bonds (SLB). Diferente do título verde, o dinheiro captado por esses títulos não é carimbado, tendo que ser direcionado a uma ou mais metas ESG. A primeira empresa a emitir esses títulos foi a ENEL, em setembro de 2019, amarrando os bonds ao aumento de sua capacidade instalada de produção de energia renovável. Exatamente um ano depois, a Suzano lançou seus SLB amarrados à meta de redução de intensidade de emissões e seguindo os Sustainability-Linked Bond Principles publicados em 2020. A emissão da Suzano representou a menor taxa histórica da empresa, o que evidencia o valor de estratégias ESG na prática. Na sequência dessa emissão, ainda em setembro, a Novartis lançou seus SLB, o primeiro a incorporar metas sociais: expandir o acesso a seus medicamentos inovadores e abordar os principais desafios da saúde global até 2025. 

Em seus posicionamentos, essas empresas afirmam o quanto esta emissão reforça seus respectivos compromissos com a agenda de sustentabilidade e dos ODS. Vejo essas ações como uma materialização do conceito de stakeholder value, este novo modelo de atuação das companhias que busca atender aos interesses dos diversos públicos que fazem parte do seu ecossistema a partir de um olhar sistêmico. Entendo isso como fundamental, pois as organizações devem agir como agentes ativos na construção de um futuro melhor para todos. Aliás, este é outro ponto que foi ressaltado pela pandemia: não existe solução de problemas e evolução da sociedade sem a participação genuína e transparente das empresas. 

O próximo desafio que bate à nossa porta – na verdade a campainha já está acionada há alguns anos – é o das mudanças climáticas, uma crise anunciada com um potencial muito maior do que a atual pandemia, segundo dizem os especialistas. É neste contexto que ganha força o conceito de economia regenerativa, pois já não é mais suficiente não poluir e reciclar, por exemplo. É preciso ir além. É preciso investir em novas soluções para o consumo e o desenvolvimento econômico, na recuperação do meio ambiente e a perpetuação da vida com qualidade e bem-estar a todos. Nessa esteira e embalados pelo cenário de um “novo normal”, surgiram as primeiras manifestações de organizações que passaram a adotar a regeneração como um conceito em seus negócios. 

A Natura&Co lançou, em junho, seu compromisso com a vida e as metas até 2030 divididas em três pilares, sendo um deles “Abraçar a circularidade e a regeneração”. O Walmart, em setembro, assumiu o compromisso de ser uma companhia regenerativa, traçando metas para alcançar zero emissões até 2040 e restaurar mais de 20 milhões de hectares de terra e mais de 2,5 milhões de quilômetros quadrados do oceano. 

Existem mais outras inúmeras formas de integrar a agenda ESG na estratégia do negócio. O caminho é encontrar aquela que mais se adequa ao momento que a sua organização vive. O que não há é espaço para ignorar a urgência deste movimento que vem com força total para avançar nessa década. #NãoVolte a pensar que ESG não é agenda para o seu negócio. 

Malu Pinto e Paiva é conselheira da Rede Brasil pelo Pacto Global e diretora executiva de Sustentabilidade da Suzano

#NãoVolte

A campanha #NãoVolte é uma iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global para que o mundo não volte ao normal após a pandemia. Para saber mais, acesse este link e assista ao vídeo: 

Acompanhe tudo sobre:FinançasONU

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