(Thomas Barwick/Getty images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 10h54.
Última atualização em 13 de dezembro de 2021 às 18h33.
Para liderar a pauta de diversidade e inclusão dentro de uma empresa, é importante falar a língua do meio empresarial: ter habilidades de gestão, planejamento, saber lidar com metas e métricas. Quando esse perfil se combina com representatividade, a expectativa é que as mudanças avancem mais rapidamente. Empresas que se desafiam a promover conhecimento de gestão, com domínio da linguagem do meio empresarial; e conexão com a sociedade, porque "não posso ser profissional de diversidade só no meu escritório, tenho de estar na rua".
O especialista diz que, isoladamente, esses elementos não bastam, mas é possível desenvolvê-los. "Você aprender sobre gestão e planejamento é tão possível quanto sua dedicação para aprender questões de diversidade e inclusão. O caminho clássico é comprar livros e se dedicar. Mas a prática dentro de gestão ensina muito mais e, na minha experiência, o que vejo é que, para grande parte dos profissionais, falta habilidade de gestão", afirma. Segundo Letícia, cabe às empresas também investir na formação dessas pessoas.
Helen Andrade, que também é head de D&I da Nestlé no Brasil, concorda que o profissional precisa estudar, entender o tema, saber implementar projetos e conhecer comunidades diversas. "Quando a empresa resolve contratar, vai olhar de forma ampla, não para uma temática de diversidade", diz. "As empresas não deveriam colocar uma pessoa na área de D&I unicamente porque é mulher, negra, trans ou PCD para ter aquele ‘símbolo’ na companhia."
No Mover, que reúne 47 empresas comprometidas com a promoção da equidade racial no mercado de trabalho, ela explica que não há imposição sobre a forma como cada uma vai trabalhar, mas há influência e compartilhamento de boas práticas. "Podemos falar que ter um profissional dedicado vai fazer com que a pauta acelere. Algumas companhias já abriram posições de gerente de D&I, que não existia antes, e geralmente buscam pessoas que têm conhecimento prático, que acompanham ações de D&I."
"Saber que existe discriminação, racismo, preconceito e ser engajado é super importante, mas sentir isso faz com que a sua forma de atuação seja muito mais ativa e eu acredito que isso faz acelerar a pauta", avalia Helen. Outra vertente que acrescenta força, ela diz, é quando o direcionamento vem do alto escalão, como presidência e diretoria.
Todos os especialistas ouvidos pela reportagem concordam que ter um profissional na liderança dessa pauta é essencial para que ela avance dentro das empresas. Delegar as ações apenas aos grupos de afinidade, compostos por funcionários engajados na causa, é insuficiente. "Se é uma pauta estratégica, tem de haver investimento em pessoas. Gosto da ideia de grupos terem autonomia, mas a figura do profissional é a do maestro, de organizar os ponteiros", comenta Sales.
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