(Thomas Barwick/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 9 de novembro de 2021 às 12h19.
Tomi Somefun ainda lembra como ficou em estado de choque em 2015, quando foi convocada para se reunir com a diretoria do Unity Bank, quando lhe ofereceram o cargo de diretora-presidente.
Com a promoção, ela se tornou a única mulher CEO de uma instituição financeira com sede na Nigéria na época - e a segunda a ocupar a posição. Mas Somefun já não é exceção. As mulheres agora respondem por quase um terço dos diretores-presidentes de bancos comerciais da Nigéria, bem à frente de países africanos e centros financeiros ocidentais, como Reino Unido, França e Alemanha.
“Minha nomeação foi um pouco contra a corrente, e isso criou uma nova dimensão no ‘mix’”, disse Somefun por e-mail sobre seu primeiro dia no cargo. “Não esperava por essa mudança.”
Para uma economia que acaba de sair da segunda recessão em quatro anos, está em jogo um potencial catalisador para o crescimento nos próximos anos. Conseguir a igualdade total de gênero na Nigéria, o país mais populoso da África, poderia elevar o PIB da nação em US$ 229 bilhões, ou 23%, até 2025, de acordo com relatório de 2019 do McKinsey Global Institute e do Conselho de Relações Exteriores.
Mesmo com a promoção de mulheres como CEOs de bancos, o destaque na Nigéria permanece na necessidade de expandir a base de clientes das instituições financeiras. O setor ficou aquém das metas do banco central para trazer mais pessoas - especialmente mulheres - ao sistema financeiro.
As mulheres tinham significativamente menos acesso financeiro em relação aos homens no final de 2020. De acordo com a EFInA, uma organização de desenvolvimento apoiada pelo Reino Unido que busca estimular o financiamento inclusivo na Nigéria, 40% das mulheres foram excluídas, em comparação com 32% dos homens.
Mas, quando se trata do topo da hierarquia, a mudança já é evidente.
Este ano, o setor teve três mulheres promovidas a CEO ou diretoras-gerentes: Nneka Onyeali-Ikpe no Fidelity Bank, Yemisi Edun no First City Monument Bank e Miriam Olusanya no Guaranty Trust Bank, a unidade bancária da maior instituição financeira do país.
“Há a percepção de que as mulheres sempre pagarão suas dívidas, então acho que isso ajudou um pouco no desenvolvimento de produtos para mulheres”, disse Onyeali-Ikpe, a primeira mulher a assumir o cargo de CEO do Fidelity Bank em janeiro.
Como ex-diretora executiva responsável pelas operações do banco em Lagos e na região Sudoeste, ela reverteu o prejuízo da unidade para gerar quase 28% do lucro do banco.
Isso ajudou em seu processo de seleção, disse. Agora, pretende expandir a instituição de 33 anos para se tornar um dos cinco maiores bancos em depósitos até 2025.