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Renan Filho, ministro dos Transportes: "As mudanças climáticas têm nos obrigado a fazer obras mais resilientes, que são mais caras, mas também mais duradouras" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 23 de julho de 2024 às 17h24.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 14h08.
Para o ministro Renan Filho, o Ministério dos Transportes está preparado para atuar e reagir aos eventos climáticos extremos, como no caso das enchentes do Rio Grande do Sul. “O desafio de enfrentar uma crise climática é multidisciplinar. Nosso ministério certamente está preparado. O grande problema não é a infraestrutura, a gente já reconstruiu a maior parte das estradas danificadas”, conta.
O ministro esteve presente no evento “Brasil Rumo à COP30”, realizado pela Editora Globo em parceria com a companhia de infraestrutura CCR, que debateu as mudanças necessárias nas cidades e na economia na adaptação para receber eventos extremos do clima. Em entrevista à EXAME, Renan Filho afirmou que dos 125 pontos de interrupção no Rio Grande do Sul, apenas um segue fechado, e que conta com uma rota alternativa.
“Ainda tem outros ministérios com problemas, como o do Empreendedorismo e Empresas de Pequeno Porte. Muitos trabalhadores de carteira assinada podem perder seus empregos porque o empresário já não consegue mais pagar seu salário. Conter as mudanças climáticas significa ajudar a economia de maneira geral, e o Ministério dos Transportes tem as condições de dar as respostas necessárias”, explica.
Durante seu painel, que abriu o evento, Renan Filho apontou que a estratégia da sua gestão é seguir acima da faixa de investimentos feitos pelo Ministério da Infraestrutura durante o último governo, do ex-presidente Jair Bolsonaro. A expectativa de investimentos da pasta é de R$ 18 bilhões até o fim deste ano.
“A retomada de investimentos já traz resultados na área de transportes. A quantidade de rodovias consideradas ótimas quase dobrou, saindo de 12% e chegando em 23% em junho de 2024”, conta. Os dados apontados por ele ainda apontavam que 71% das pistas eram consideradas ruins no último mês.
A previsão de investimentos vai contra as últimas decisões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Após arrecadação abaixo do esperado, o governo anunciou R$ 3,8 bilhões em contingenciamento e outros R$ 11,2 bilhões sob bloqueio, consequência dos gastos acima do limite pelo arcabouço. De acordo com Renan Filho, a expectativa é atingir R$ 32 bilhões investidos na área de transporte em dois anos de governo. “Assim, o governo Lula vai ter destinado em apenas dois anos o que o último ministro levou quatro anos para fazer”, disse, referente à gestão de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, na época ministro de Infraestrutura.A resiliência das infraestruturas foi parte da fala do ministro. “As mudanças climáticas têm nos obrigado a fazer obras mais resilientes, que são mais caras, mas também mais duradouras. No entanto, o custo de refazer uma obra é maior que fazer uma obra mais resiliente desde o início”, explica.
O reposicionamento da pasta frente às necessidades climáticas também foi debatido pelo ministro. O projeto AdaptaVias busca avaliar os impactos da infraestrutura de transporte brasileira nas mudanças do clima. O Ministério também lançou um projeto para implementar o free flow, os pedágios eletrônicos, no Brasil. “O objetivo é reduzir paradas, o que garante menos emissões de gases poluentes, menos acidentes, facilidade para pagamento e barateamento nas tarifas”, explica Filho.
O processo é feito em parceria com as concessionárias de estradas pelo país para avaliar a aplicabilidade e mitigar os efeitos ambientais. Outra novidade são os testes em caminhões movidos a gás liquefeito, que, segundo o ministro, permitem uma transição mais sustentável enquanto as tecnologias para caminhões movidos à energia elétrica ainda não avançam para garantir o suporte da carga.
A portaria 622/2024, publicada no início deste mês, exige que ao menos 1% do valor gerado nas novas concessões de estradas seja destinado a modernização, tecnologia, resiliência e adaptação climática. Renan Filho destacou a importância das concessões e dos investimentos privados para melhorar a atuação dos gastos públicos. “No Brasil, as quantias investidas por fontes privadas foram muito abaixo da necessidade nos últimos anos. Por isso, intensificar a agenda de leilões está entre as prioridades da gestão”, conta.Em 2023, o governo fez apenas dois leilões de concessões de rodovias. Ainda em 2024, a quantia deve chegar a 10. A previsão é que o governo leiloe 12 vias em 2025 e 11 em 2026.
O Brasil também sediará o próximo Fórum Internacional de Transportes, evento que reúne especialistas de todo o mundo no tema. O objetivo é transformar os desafios da sustentabilidade e dos negócios na infraestrutura de trânsito. “Isso é fruto do trabalho colaborativo e contínuo do Ministério dos Transportes”, conta Renan Filho.