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Produção de hidrogênio verde: o componente sustentável se mostra como uma grande oportunidade de crescimento para países em desenvolvimento, segundo informações da Deloitte (Getty Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 09h23.
O hidrogênio verde pode acelerar a descarbonização, uma vez que a comercialização pode superar a de gás natural líquido até 2030, gerando, assim, um mercado de US$ 1,4 trilhão anuais até 2050. Neste cenário, há oportunidade para lideranças globais acelerarem suas jornadas de crescimento sustentável, de acordo com o estudo Perspectivas globais para o hidrogênio verde 2023: Energizando o caminho para a descarbonização realizado pela consultoria Deloitte,
A produção de hidrogênio verde pode proporcionar, de 2030 a 2050, até dois milhões de empregos por ano globalmente, sendo um ótima oportunidade para países em desenvolvimento. Essa projeção vem da ferramenta de simulação da Deloitte, a Hydrogen Pathway Explorer (HyPE), que conta com análises sobre o fornecimento de hidrogênio no mundo.
“Ainda que a demanda pelo hidrogênio verde dispare nas economias mais avançadas, será o estabelecimento bem-sucedido desse mercado nos países em desenvolvimento que permitirá a estruturação de uma cadeia verdadeiramente global. Temos pela frente um desafio: converter essa indústria de nascente a gigante global em menos de três décadas”, diz Maria Emília Peres, líder das ofertas integradas da Deloitte Brasil para o clima, sustentabilidade e equidade.
O HyPE ainda afirma que o hidrogênio verde pode fornecer até 85 gigatoneladas em reduções nas emissões cumulativas de CO2 até 2050, mais que o dobro das emissões globais de CO2 em 2021.
“Embora energias eólica e solar e de outras fontes renováveis mais tradicionais sejam essenciais para um futuro NetZero, nossa pesquisa demonstra que o hidrogênio verde pode ajudar a descarbonizar parte dos setores mais intensivos do mundo em emissões, mitigando os efeitos da mudança climática e estimulando o crescimento econômico”, afirmou Joe Ucuzoglu, CEO global da Deloitte.
Para que o comércio de hidrogênio verde avance é necessário que haja cooperação inter regional, para diversificar a infraestrutura logística. Aquelas regiões que são capazes de produzir hidrogênio a preços competitivos e em quantidades maiores, já se posicionam como possíveis futuros exportadores.
A previsão é de que o comércio global de hidrogênio pode gerar mais de US$ 280 bilhões em receitas anuais de exportação até 2050 – dentre os países e mercados, o norte africano é apontado como maior beneficiado com US$ 110 bilhões por ano, por conta do seu potencial de exportação.
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Em relação aos investimentos, mais de US$ 9 trilhões deverão ser injetados na cadeia global de abastecimento de hidrogênio limpo para ajudar no alcance do net zero até 2050. Desse total, cerca de US$ 3 trilhões serão investidos em economias em desenvolvimento.
Já o suprimento de hidrogênio verde precisa crescer para aproximadamente 600 MtH2eq em 2050 para ajudar a alcançar a neutralidade climática. Porém, considerando os projetos atuais e propostas de investimento em hidrogênio limpo, a capacidade de produção coletiva só atenderia a um quarto da demanda projetada para 2030.
O relatório da Deloitte recomenda alguns fatores para definição de políticas públicas consistentes sobre esse mercado, sendo eles: a elaboração de estratégias nacionais e regionais para a credibilidade ao mercado de hidrogênio verde; desenvolvimento de um processo estruturado e transparente de certificação; estabelecimento de interlocutores para uma coordenação internacional na mitigação de tensões políticas.
Há também a necessidade de estimular a ação, com metas claras para a formação de mercados bem definidos para produtos à base de hidrogênio verde. Além disso, o oferecimento de incentivos fiscais, voltados à redução da diferença dos custos entre tecnologias limpas e as baseadas em recursos fósseis é bastante relevante.
A pesquisa termina trazendo a necessidade da resiliência para este mercado, onde é preciso diversificar cadeias de valor – desde parceiros comerciais aos fornecedores – a fim de evitar percalços e impactos de custo durante a transição. É importante melhorar a infraestrutura de transporte, com foco em oleodutos e rotas marítimas, e de armazenamento com reservas de commodities limpas de hidrogênio.
“Se governos e empresas apoiarem o hidrogênio verde de forma decisiva, esse mercado poderá superar a produção de hidrogênio intensivo em carbono em menos de dez anos. “Reduzir emissões de carbono e os danos físicos e econômicos da mudança climática será uma grande vitória para nações e empresas, ajudando a consolidar a expansão e resiliência da economia global de forma coletiva”, disse Jennifer Steinmann, líder global da Prática de sustentabilidade e clima da Deloitte.
O hidrogênio verde é produzido a partir da divisão de moléculas de água, separando seus átomos de hidrogênio do átomo de oxigênio por meio da eletricidade gerada por fontes renováveis.