Gilberto Tomazoni, CEO da JBS: “As empresas são agentes sociais que têm diante de si uma grande oportunidade que vai vir da economia verde” (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2021 às 19h30.
Última atualização em 16 de junho de 2021 às 18h04.
(Por Tiago Cordeiro, especial para EXAME)
Não é mais uma questão de “quando”. O aquecimento global já é uma realidade. “As mudanças climáticas já estão acontecendo. Diversas cidades, como Curitiba e São Paulo, já estão com os níveis de água muito baixos, em função do baixo regime de chuvas”, afirmou, no primeiro painel do dia do evento Melhores do ESG, Paulo Artaxo, Coordenador de Mudanças Climáticas da FAPESP e Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU.
“O produtor rural, especialmente o pequeno, já percebe o aumento do custo provocado por novos riscos, especialmente estiagens fora de época”, concordou Lygia Pimentel, CEO na Agrifatto. “As empresas já têm a percepção da urgência do problema. Isso vai sendo passado para o produtor, que também já se sente exposto às volatilidades provocadas pelas variações climáticas. “O custo da produção pecuária está subindo, o que vai ter um grande impacto nas margens”
Artaxo lembrou que já existem caminhos para reduzir o impacto do aquecimento global. “A crise climática tem solução, mas precisamos fazer três coisas. Primeiro, os países desenvolvidos têm que reduzir a queima de combustíveis fósseis. Sem isso, todo o resto vira conversa”. Afinal, os os combustíveis fósseis são responsáveis por 78% das emissões de gases causadores do efeito estufa. “Sem reduzir todas essas emissões para zero até 2050, todos nós, habitantes deste planeta, teremos dificuldades”.
A segunda medida é reduzir a derrubada de árvores, especialmente em áreas tropicais. “Não há nenhuma maneira mais fácil, rápida e barata de reduzir emissões do que acabar com desmatamentos. O Brasil já provou isso, reduzindo de 2002 para 2012, num período em que a agropecuária mais avançou no país”. A terceira estratégia consiste em reduzir desigualdades sociais.
Pastagens recuperadas
Rodrigo Caetano, repórter de ESG na Exame, fez a moderação do debate, que contou com a presença de Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS. Ele lembrou da importância do setor privado – e da agropecuária – para participar desse processo.
“O mundo vai ter 10 bilhões de pessoas em 2050. E só temos um planeta”, declarou. “As empresas são agentes sociais que têm diante de si uma grande oportunidade que vai vir da economia verde”. A sustentabilidade, declarou ele, está no centro da estratégia da companhia. A remuneração dos executivos está ligada à nossa meta de ser net zero até 2040. Acreditamos que a agropecuária pode apresentar soluções para o desafio oferecido pelo aquecimento global”.
Lygia Pimentel citou um exemplo: recuperar pastagens degradadas é uma estratégia útil, tanto para reduzir emissões quanto para aumentar a produtividade da pecuária. “Os produtores não vão conseguir se manter viáveis economicamente em pastagens degradadas. Em vez de buscar novos pastos, eles podem a reformar os atuais, até eles chegarem num nível em que atendam a mais animais, na mesma medida em que gerem boa reabsorção de carbono. É uma parte pequena da solução, mas que pode ser naturalmente alcançada”.
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