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Melhores do ESG: como preservar Amazônia e Pantanal? Experts opinam

Três painéis debatem queimadas e desmatamento, por um lado, mas também soluções para transformar a ocupação das regiões e gerar riqueza de forma sustentável

Onça-pintada no Pantanal: Três painéis debatem queimadas e desmatamento, por um lado, mas também soluções para transformar a ocupação das regiões e gerar riqueza de forma sustentável (Buda Mendes/Getty Images)

Onça-pintada no Pantanal: Três painéis debatem queimadas e desmatamento, por um lado, mas também soluções para transformar a ocupação das regiões e gerar riqueza de forma sustentável (Buda Mendes/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2021 às 15h38.

Última atualização em 25 de maio de 2021 às 08h31.

(Por Tiago Cordeiro, especial para a EXAME)

É comum ouvir de pioneiros que saíram de outras regiões do Brasil e se instalaram na Amazônia a frase: “Quando cheguei aqui, não tinha nada”. O relato de Carlo Pereira, Diretor-Executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, ecoou nos debates que ocuparam a manhã do evento Melhores do ESG, realizado por EXAME.

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Cláudio Almeida, Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, informa que a ocupação da região, ao longo das últimas décadas, foi focada no conceito de que a floresta era um empecilho no caminho do desenvolvimento.

“Até recentemente, a visão de ocupação da Amazônia era predatória”, reforça Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé. “Hoje temos a noção de que a floresta é a nossa maior riqueza. Sabemos que podemos ser uma potência agropecuária sem ter que desmatar mais nenhum centímetro de terra”.

Entre 10h e 12h, Pereira, Almeida e Szabó participaram de dois painéis diferentes que abordaram a maior floresta tropical do planeta. “Existem na Amazônia culturas milenares, uma fauna riquíssima, uma flora riquíssima. Não é verdade que aqui não existia nada”, declara outra participante, Fernanda Stefani, Co-Fundadora & CEO 100% Amazônia.

“Temos que entrar com respeito às comunidades, à história, e construir juntos”, concorda Joanita Maestri Karoleski, Presidente do Fundo JBS pela Amazônia. Recém-lançado, ele começa com o valor de R$ 250 milhões, doados pela JBS. “Pretendemos buscar R$ 1 bilhão”.

Por sua vez, João Siqueira Founder & CEO at Amazon Valley, lembra que o interesse do mercado financeiro estimula esse processo de mudança no foco para a região. “O projeto de carbono é uma ponte para repensar a região como um todo. Nos próximos anos vamos ver surgir outras opções de financiamento na área de sustentabilidade, com crédito da biodiversidade, crédito da água. Serão novas alternativas para financiar projetos. O Brasil tem 50% das florestas tropicais do mundo, tem espaço para fazer muita coisa”.

E Mauro de Almeida, Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará, defendeu mudanças na pecuária do estado. “O Pará tem o quarto maior rebanho do Brasil, com cerca de 20 milhões de cabeças de gado. Precisamos aumentar o número de cabeças de gado em menos área, ganhando eficiência e reduzindo a demanda por novas terras”.

Defesa do Pantanal

Antes dos dois eventos que abordaram a região Amazônia, o primeiro painel do dia abordou o Pantanal. Começando pelo coronel Ângelo Rabelo, Presidente do Instituto Homem Pantaneiro. Ele divide sua história com o Pantanal em dois momentos. Primeiro o combate aberto. Agora a reconstrução. “Foram dez anos de guerrilha, no enfrentamento dos caçadores de jacaré, de onça pintada. Guardo cicatriz dessa época”, lembra.

“Em 1991 tivemos a última troca de tiro. A partir daí começamos a repensar nosso papel nesse bioma”. Desde então, diz ele, surgiram diversas ações do terceiro setor que buscam proteger o Pantanal, levando desenvolvimento sustentável para a região.

Data desta época o começo do trabalho de Neiva Guedes, Presidente do Instituto Arara Azul, Docente do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp. Ela começou a se preocupar com a situação das araras azuis, que corriam risco de extinção. Desde então, foi possível recuperar esses animais. “Quando as pessoas ficam sabendo o que está acontecendo o que acontece na natureza, acabam colaborando. Foi o que aconteceu com nosso trabalho de proteção de araras azuis”.

Lilian Rampim, Coordenadora Geral do Onçafari, relata uma experiência semelhante com o trabalho com as onças. “A onça do pantanal foi caçada por gerações, porque é predadora do gado. Para protegê-la, desenvolvemos projetos de safari, que levam turismo. Hoje temos filho de caçador trabalhando pela conservação das onças”. Assim, as onças permanecem livres em seu habitat natural, e ainda agregam movimentação do turismo. “Os turistas trazem renda, o que nos ajuda a financiar projetos de educação e de conservação”.

É graças a ações integradas do terceiro setor, dos produtores rurais e dos governos locais, disse Lawrence Wahba, documentarista de natureza, que a região vem sendo protegida. “Vejo uma mobilização do terceiro setor, dos produtores rurais, dos governos locais, mas uma omissão do governo federal. Acredito que a seca deste ano vai ser pior do que a do ano passado, mas os incêndios serão menos agressivos”.

Como tem sido recorrente nos painéis do evento, Iuri Rapoport, Diretor Estatutário e Co-Head de ESG & Investimento de Impacto no BTG Pactual, cita mais uma vez o novo momento do mercado financeiro na direção de participar dessas ações. “Hoje o investidor quer saber genuinamente o que as empresas fazem pela natureza. Essa preocupação se acelerou muito nos últimos dois anos”. Alexandre Bossi, Presidente do SOS Pantanal, concorda: “Os bancos que não focarem em investimentos ligados à sustentabilidade vão desaparecer no longo prazo.”

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