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Matriz de materialidade: o maior erro cometido pelas empresas

Ao não refletirem as reais demandas estratégicas do negócio, matrizes mal elaboradas podem criar duas agendas paralelas, a do CEO e a da sustentabilidade

A criação de uma matriz de materialidade que opere distante das dinâmicas centrais das empresas é um erro fatal  (Toa55/iStockphoto)

A criação de uma matriz de materialidade que opere distante das dinâmicas centrais das empresas é um erro fatal (Toa55/iStockphoto)

Pedro Paro
Pedro Paro

Colunista

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 08h44.

Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 08h45.

Em inúmeras ocasiões, testemunhei a frustração de gestores de sustentabilidade ao confrontarem-se com Matrizes de Materialidade que, essência, não refletem as reais e verdadeiras demandas estratégicas de negócio. A consequência? São criadas duas agendas paralelas, a agenda de negócio (foco do CEO e demais diretores) e a agenda de sustentabilidade (foco da área e comitê de sustentabilidade).

Quando isso ocorre, a Matriz de Materialidade torna-se uma ferramenta decorativa da estratégia. Essa insatisfação tem sua raiz em um erro fundamental: a criação de uma Matriz de Materialidade que opera distante das dinâmicas centrais do negócio e das expectativas de seus stakeholders, refletindo apenas o viés de especialistas que não estão no dia a dia do negócio.

A consequência dessa dissociação vai além de uma simples falha de alinhamento — representa um custo tangível para as empresas. O investimento em um processo de materialidade deveria resultar em insights acionáveis, direcionar a gestão de riscos e potencializar oportunidades de inovação. No entanto, quando as empresas erram ao não integrar suas estratégias de negócio e sustentabilidade, elas enfrentam prejuízos em múltiplas frentes:

  1. Desperdício financeiro: recursos são alocados na coleta e análise de dados que não se traduzem em ações de impacto. O retorno sobre o investimento em tais processos falhos é minimizado, se não inteiramente nulo.
  2. Perda de tempo: o tempo alocado é um recurso não renovável, e seu mau uso é especialmente crítico em ambientes de negócios de alta velocidade. A criação de uma Matriz de Materialidade desalinhada com a estratégia consome horas preciosas de trabalho que poderiam ser dedicadas a iniciativas de sustentabilidade genuinamente integradas aos objetivos empresariais.
  3. Diluição de esforços: quando as equipes trabalham em direções divergentes, a energia corporativa é fragmentada. Ao invés de canalizar esforços para ações sinérgicas de sustentabilidade e crescimento, os funcionários se veem presos em tarefas descoordenadas, que pouco ou nada agregam à visão de longo prazo da empresa.
  4. Desgaste dos profissionais: a falta de convergência e propósito nas atividades de sustentabilidade pode levar à desmotivação da equipe, gerando um ciclo de baixo engajamento e satisfação no trabalho, impactando diretamente a retenção de talentos.
  5. Perda de oportunidades estratégicas: um dos ativos mais valiosos de uma Matriz de Materialidade bem concebida é sua capacidade de identificar oportunidades de negócio que se alinham com as demandas sociais e ambientais. Se a Matriz não está em sintonia com a estratégia empresarial, essas oportunidades podem ser ignoradas, prejudicando a inovação e o crescimento sustentável.

Ao abordarmos a Matriz de Materialidade como se fossem duas agendas paralelas — uma da sustentabilidade e outra do negócio —, negligenciamos a essência da sustentabilidade corporativa: a integração plena entre as operações empresariais e o compromisso com a responsabilidade social e ambiental. No próximo artigo, irei detalhar como a aplicação de Inteligência Artificial e Processamento de Linguagem Natural (NLP) pode não apenas corrigi-los, mas também criar uma Matriz de Materialidade Dinâmica capaz de redefinir a essência do negócio sustentável.

Pedro Paro é fundador da Humanizadas

Acompanhe tudo sobre:SustentabilidadeGestão

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