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Elon Musk defende a construção em massa de fábricas de painéis solares e refinarias de metal nos próximos 20 anos (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de abril de 2023 às 14h21.
Para que o mundo passe a usar fontes de energia totalmente limpas são necessários investimentos de US$ 10 trilhões, mas a contínua dependência de combustíveis fósseis custaria cerca de US$ 14 trilhões, segundo Elon Musk.
Uma construção em massa de fábricas de painéis solares e refinarias de metal é necessária nos próximos 20 anos para geração de energia renovável e capacidade de armazenamento de eletricidade que alimentem a economia global apenas com energia livre de carbono, segundo o Plano Diretor Parte 3 da Tesla publicado nesta quinta-feira.
O “white paper” detalha a visão de Musk para um mundo sem combustíveis fósseis, delineada pela primeira vez durante o dia do investidor no mês passado. “A Terra vai migrar para uma economia de energia sustentável”, disse Musk durante o evento em Austin, no Texas. “E isso acontecerá durante sua existência.”
A Tesla vê redes aperfeiçoadas movidas com energia eólica e solar, matrizes globais de fazendas de baterias e cavernas subterrâneas de hidrogênio para armazenar energia, uma reformulação de indústrias pesadas como aço e fabricação de cimento, além de casas e empresas aquecidas ou resfriadas com bombas de calor.
O custo da alternativa – continuar a produzir petróleo, carvão e gás natural – é maior, argumenta a Tesla, e nos níveis de 2022 totalizariam cerca de US$ 14 trilhões nas próximas duas décadas.
O sistema de energia global previsto por Musk requer cerca de 30 mil gigawatts de capacidade de energia renovável e 240 mil gigawatts-hora de baterias de armazenamento. Esses números se comparam à capacidade renovável de 3.214 gigawatts em 2021 e a um setor de armazenamento estacionário de energia que prevê 1.432 gigawatts-hora de capacidade até o final de 2030, de acordo com a BloombergNEF. Isso representaria um grande benefício para empresas de tecnologia limpa como a Tesla.
Embora o custo de investimento de US$ 10 trilhões de um mundo mais limpo seja alto, Musk argumenta que é apenas uma fração dos US$ 100 trilhões da economia global e totalmente viável quando distribuído por duas décadas.
“Em 20 anos, seria 0,5% da economia global”, disse a investidores no mês passado. “Portanto, este não é um número elevado.”
O setor de metais global estaria preparado para um grande “boom” da demanda no cenário de Musk. Um total de US$ 502 bilhões em investimentos em mineração e US$ 662 bilhões em gastos com refino seriam necessários para produzir níquel, lítio, cobre e outros materiais a serem usados em baterias e equipamentos de energia limpa, prevê a Tesla.
Em níveis de pico, o mundo precisaria escavar 3,3 gigatoneladas – ou 3,3 bilhões de toneladas – de terra todos os anos para obter os metais necessários para a transição rumo a fontes de energia mais limpas. A Tesla disse que a massa total pode ser reduzida se o alumínio for substituído pelo cobre, porque o primeiro é encontrado com teores de minério muito mais altos do que o segundo. De qualquer forma, acrescentou, ainda é muito menos do que as 15,5 gigatoneladas atualmente extraídas anualmente para combustíveis fósseis.
Também há pouca perspectiva de que o mundo esgote os suprimentos de metais exigidos, já que apenas uma fração dos recursos atuais é necessária e a maior demanda incentivará exploradores a procurar novos depósitos.
A reciclagem começará a substituir significativamente o novo suprimento de metais a partir de 2040, à medida que baterias, painéis solares e turbinas eólicas vencidos forem recolhidos para reutilização. Outros materiais serão eliminados ou minimizados: com o uso de cobre em vez de prata em painéis solares, grafite artificial em baterias e eliminando terras raras de turbinas eólicas.
“O futuro eletrificado e sustentável é tecnicamente viável e requer menos investimento e menos extração de matérias-primas do que continuar com a economia energética insustentável de hoje”, disse Tesla no documento.