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Al Gore: coligação estuda expandir parcerias a setores como madeira, cimento e pecuária (Denis Balibouse/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 3 de dezembro de 2023 às 12h29.
Última atualização em 4 de dezembro de 2023 às 10h52.
Co-fundada pelo ex-presidente dos EUA, Al Gore, a Climate TRACE lançou uma base de dados que rastreia as emissões globais de gases de efeito de estufa (GEE), até chegar ao poluidor individual. Algumas das maiores empresas do mundo planejam utilizar esses dados na descarbonização de suas cadeias de abastecimento.
A coligação utiliza o aprendizado de máquina, satélites e outras tecnologias para identificar e rastrear as emissões de GEE. Os dados são reunidos em um inventário público - o mais recente foi apresentado por Gore na COP28, em Dubai.
Segundo informações da Climate TRACE, a base de dados conta com mais de 350 milhões de fontes de poluição por gases com efeito estufa. Entre elas, centrais elétricas, siderúrgicas e empresas do setor de mineração. O detalhamento possibilita que as companhias desenhem uma estratégia voltada para uma cadeia de abastecimento com baixas emissões, sem precisar depender de dados de emissões informados pelos próprios fornecedores, explicou Gavin McCormick, fundador da coligação.
Durante o evento, Gore explicou: "Estamos aqui nesta COP em particular porque este é o ano do Global Stocktake". Esse é o nome do processo para avaliar o progresso dos países no cumprimento dos objectivos do Acordo de Paris. O ex-vice-presidente garantiu que "a Climate TRACE é realmente a única fonte independente e abrangente de dados precisos sobre os quais pode ser feito um balanço."
Além de Al Gore, a Climate TRACE é formada por um grupo de especialistas em IA, cientistas de dados, pesquisadores e organizações não governamentais. Atualmente, integram a coligação a Carbon Yield, CTrees, Instituto Nicholas da Universidade de Duke para a Energia, Ambiente e Sustentabilidade, Genoma da Terra, Global Energy Monitor, Hypervine.io, Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, OceanMind, RMI, TransitionZero e WattTime.
A a coligação conta com o apoio de mais de 100 outras organizações e pesquisadores. Entre elas estão Descartes Labs, Google.org, Michigan State University, Minderoo Foundation/Global Plastic Watch, Planet Labs PBC, Synthetaic e Universidade Malaysia Terengganu.
Empresas como Tesla, Boeing e General Motors aderiram recentemente ao uso os dados da Climate TRACE para recolher mais informações sobre as emissões dos fornecedores de aço e alumínio.
A coligação faz planos de, no próximo ano, expandir as parcerias para incluir a exploração do potencial de redução de emissões nos fornecedores de madeira, arroz, cimento e pecuária. Cogita-se ainda o trabalho junto a governos.
Para ajudar a ter em conta valores atípicos, fontes extremas de emissões ou "eventos pouco frequentes mas muito consequentes", como as plumas de metano, a Climate TRACE fornece estimativas precisas e variações para cada ativo da sua base de dados. Os setores em que esses eventos pouco frequentes representam uma grande percentagem das suas emissões recebem classificações de elevada incerteza e baixa confiança.
O inventário do Clima TRACE deste ano - o terceiro lançado até agora -, além de detalhar as emissões em instalações individuais, aponta algumas percepções. A possibilidade, por exemplo, de o país-anfitrião da COP28, os Emirados Árabes Unidos, ter subestimado as suas próprias emissões em mais de 100 milhões de toneladas. O fato pode ter relação, em parte, com a a subnotificação do setor do petróleo e do gás.
Os dados mais recentes do país, de 2019, foram de 225 milhões de toneladas, enquanto o Climate TRACE estima que o número seja superior a 350 milhões de toneladas. Nos dois casos, são excluídos a aviação e o transporte marítimo, que não são exigidos pela UNFCCC nos totais nacionais.