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Jardim botânico do Chile planta árvores mais resistentes ao fogo para enfrentar incêndios

Conheça o parque centenário que começou sua adaptação, plantando milhares de árvores nativas e menos inflamáveis

Dezenas de voluntários começaram a reflorestar a área há semanas, plantando 5.000 árvores nativas em uma área de oito hectares (AFP Photo)

Dezenas de voluntários começaram a reflorestar a área há semanas, plantando 5.000 árvores nativas em uma área de oito hectares (AFP Photo)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 15h54.

Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 16h18.

Há um ano, um incêndio florestal devorou o maior jardim botânico do Chile. Diante do início do verão no Hemisfério Sul, este parque centenário começou a sua adaptação, plantando milhares de árvores nativas e menos inflamáveis.

Ao todo, 90% dos 400 hectares do Jardim Botânico Nacional de Viña del Mar, 120 quilômetros a nordeste de Santiago, foram consumidos pelo fogo em apenas 1 hora, em um dos incêndios florestais mais mortais do século.

Seu diretor, Alejandro Peirano, afirma que o parque está se preparando para o retorno das chamas. "Sim ou sim, vamos ter um incêndio. Isso está claro para nós", disse ele à AFP.

Mas antes de uma nova temporada de incêndios florestais, que as autoridades esperam que seja intensa devido ao aumento das temperaturas, o parque começou a se preparar para enfrentar melhor as chamas.

Foi instalada uma nova "linha de batalha" com árvores nativas de florestas de clima mediterrâneo, como litre, quilaia e colliguay.

"A ideia é colocar as espécies que queimam mais lentamente na frente da linha de batalha (...) para que os incêndios, que vão ocorrer, não avancem tão rapidamente", diz o diretor do Jardim Botânico.

O calor e as intensas rajadas de vento no dia do incêndio, 2 de fevereiro de 2024 rapidamente espalharam as chamas pelas colinas e vilarejos populosos de Viña del Mar, deixando um total de 136 mortos e 16.000 pessoas afetadas.

Projetado em 1918 pelo arquiteto francês Georges Dubois, o parque contava com 1.300 espécies de plantas e árvores. Também abrigava uma fauna de marsupiais, raposas-cinzentas, furões chilenos e muitos pássaros.

Barreira para enfrentar o fogo

Dezenas de voluntários começaram a reflorestar a área há semanas, plantando 5.000 árvores nativas em uma área de oito hectares. As mudas crescem presas a uma estrutura plástica e recebem água por meio de um sistema de irrigação tecnicizado.

Em mais dois anos, suas raízes se estabelecerão e a folhagem será grande o suficiente para fornecer sombra e fazer com que outras espécies cresçam ao seu redor.

Também está planejado reflorestar o parque com espécies capazes de se adaptar "às chuvas escassas e à seca prolongada", diz Benjamín Véliz, diretor da ONG Wild Tree, que também participa do plano de revitalização.

Ao contrário do eucalipto, uma espécie exótica que queima rapidamente, algumas árvores nativas são capazes de suportar ou conter as chamas por mais tempo, de acordo com uma pesquisa da Universidad Técnica Federico Santa María (USM).

Os estudos desta instituição educacional se concentraram em demarcar as características de diferentes espécies de árvores para determinar quais são menos inflamáveis.

As escolhidas são "espécies de baixa inflamabilidade para que possam criar uma espécie de barreira contra o fogo e impedir sua propagação", segundo Fabián Guerrero, pesquisador do Departamento de Engenharia Mecânica da USM.

As chuvas abundantes registradas em 2024 no centro do país, afetado por mais de uma década de seca, ajudaram na recuperação deste jardim botânico.

Na área do parque, eucaliptos, mas também litres e peumos mostram a insistência da natureza.

"Estas árvores que queimam voltam, porque o campo esclerófilo (típico dos climas mediterrâneos e resistente às secas de verão) reage bem após os incêndios", afirma Peirano.

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