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Aluno da Manaós Tech, que oferece cursos de programação e robótica para crianças de baixa renda. A empresa espera captar R$ 315 mil para expandir a operação (Sitawi/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 13h02.
Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 15h52.
É possível investir em projetos sociais e ainda garantir um bom retorno. Uma plataforma desenvolvida pela Sitawi, organização especializada em investimentos de impacto, em parceria com o Instituto Sabin, oferece a possibilidade de emprestar dinheiro a empresas de impacto com juros de 7,15% ao ano e vencimento em 30 meses.
A taxa é melhor do que a de títulos públicos de prazo similar, como o Tesouro Prefixado 2023, que oferece um retorno de 4% ao ano.
Os negócios que receberão os recursos foram selecionados pela Sitawi com base em seu impacto socioambiental e análises financeira e do modelo de negócios. Ainda que sejam empresas com forte apelo social, a ideia é que sejam lucrativas e não dependam de capital filantrópico.
Nesta semana, foram anunciados os projetos que participarão da terceira da terceira rodada de investimento da plataforma, prevista para setembro. A manauara Manaós Tech, de educação tecnológica, espera captar 315 mil reais para expandir sua atuação para regiões periféricas de Manaus. Ela oferece cursos de programação, robótica, criação de aplicativos e games a crianças e adolescentes. Seu modelo de negócios alia a oferta de laboratórios em escolas particulares, que financiam bolsas de estudo para alunos de baixa renda. São, atualmente, 4 laboratórios em operação e mais de 3 mil jovens passaram pelos cursos da companhia.
A outra selecionada é o Movimento Eu Visto Bem, que espera captar 483 mil reais para estruturar um curso de empreendedorismo voltado a ex-detentas, além de investir na digitalização de processos e em maquinário. A empresa produz uniformes, brindes e embalagens a partir de sobras de tecido da indústria e reciclados de material PET. A mão de obra é composta de ex-detentas do presídio feminino do Butantã, em São Paulo, refugiadas e imigrantes. A companhia já empregou 200 mulheres em situação de vulnerabilidade.
Para Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado da Exame Research, considerando o retorno, é um investimento que vale analisar. “O prêmio oferecido é condizente com outras opções de renda fixa”, afirma Costa. “É preciso analisar detalhadamente o modelo de negócios e a viabilidade financeira das empresas para conhecer os riscos associados, que podem ser elevados. De qualquer forma, olhando apenas para o retorno, eu levaria em consideração.”
As duas empresas operam há mais de dois anos. De acordo com a Sitawi, a análise de negócios dos projetos selecionados leva em consideração os critérios equipe, liderança, capacidade de execução, mercado e modelo de negócios. Em relação ao impacto, a organização estuda a extensão (quantas pessoas serão beneficiadas) e a profundidade do impacto (em que medida essa iniciativa muda a vida dessas pessoas). A avaliação inclui conversa com fundadores, funcionários, clientes e beneficiários.
Além da captação de dinheiro para alavancar suas operações e aumentar a escala do seu impacto, os empreendedores selecionados têm acesso a mentores e workshops para os seus negócios e um acompanhamento personalizado pela equipe de especialistas da Sitawi.
Interessados podem conferir mais detalhes no site da iniciativa.
As duas rodadas anteriores contou com a participação de 208 investidores, que mobilizaram 4 milhões de reias. Foram apoiados 10 negócios. A primeira rodada levantou no final de 2019 R$ 1,5 milhão de 159 investidores, em sua maioria pessoas físicas, para quatro empresas e uma cooperativa : Orgânicos In Box, Stattus4, Inteceleri, UpSaúde e CoopSertão. A segunda rodada, realizada em março, teve foco em cinco organizações que promovem o desenvolvimento sustentável da Amazônia – COEX Carajás, Na’kau, OKA Juice, Prátika Engenharia e Tucum. Após abertura ao público, as reservas de investimento se esgotaram em menos de 24 horas. A rodada aconteceu dentro da chamada de negócios da PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia) e movimentou R$ 2,5 milhões no total – cerca de 30% vieram por meio da Plataforma com a contribuição de 71 pessoas físicas.