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Investimento de R$ 1,2 bi: Raízen inaugura sua segunda usina de etanol de segunda geração, em SP

Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP), tem capacidade produtiva de 82 milhões de litros por ano. Inauguração contou com as presenças do presidente Lula e do vice-presidente, Geraldo Alckmin

Nova usina: localizada no interior de São Paulo, a unidade de E2G tem capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano (Raízen/Divulgação)

Nova usina: localizada no interior de São Paulo, a unidade de E2G tem capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano (Raízen/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 24 de maio de 2024 às 21h54.

Última atualização em 27 de maio de 2024 às 14h03.

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De Guariba (SP)*

A Raízen, empresa de biocombustíveis do grupo Cosan, inaugura nesta sexta-feira, 24, sua segunda usina de etanol de segunda geração (E2G), localizada no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP). A unidade recebeu investimentos de R$ 1,2 bilhão e tem a capacidade de produzir 82 milhões de litros de etanol por ano.

O etanol de segunda geração é uma variação do que já é produzido atualmente. Durante a produção do etanol tradicional, o biocombustível é gerado a partir do caldo da cana.

Já no E2G, o bagaço da cana e outros resíduos da produção do E1G (como a palha da cana) são reaproveitados, passando por tratamento, fermentação e destilação. A produção recebe benefícios: segundo a empresa, a produtividade aumenta em até 50% sem que seja necessário aumentar a área de plantio da cana.

A cerimônica de inauguração aconteceu na nova fábrica da Raízen e contou com a presença do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Márcio França, Alexandre Silveira e Paulo Teixeira.

O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, e os vice-presidentes de Etanol, Açúcar e Bioenergia e Trading da empresa também participaram do evento.

Na comparação com a gasolina comum, o E2G tem uma pegada de carbono 80% menor. Já quando comparada com o etanol, a diminuição nas emissões de CO2 é inferior em 30%. Além disso, o bagaço que seria destinado ao lixo se torna uma matéria-prima e é reutilizado, diminuindo a quantidade de resíduos do processo.

De acordo com Mussa, a tecnologia coloca o Brasil em um momento importante de liderança, ainda mais com a chegada da COP30, em Belém. "Temos tudo a nosso favor. É um privilégio chegar nesse momento porque o biocombustível é uma das formas mais rápidas de descarbonizar. O Brasil começou esse movimento antes de outros países, que querem chegar em 2050 com as metas que temos hoje", conta.

O CEO ainda explicou que o Brasil tem oportunidades a mais pelas suas condições de clima, solo fértil e fontes de energia que outros países não possuem, o que garante uma vantagem na produção econômica.

Cerca de 70% dos equipamentos utilizados pela Raízen no processo de transformação dos resíduos da cana em E2G são produzidos no Brasil – o restante é de origem finlandesa e italiana. A empresa ainda anunciou que 17 mil empregos foram gerados direta ou indiretamente a partir da construção da usina.

O presidente Lula afirmou que a cana, que antes já foi vista como uma malefício para famílias que sofriam que a forma como a planta se espalhava, hoje é uma oportunidade econômica para Estados do país, especialmente em São Paulo. "A natureza está se manifestando, o aquecimento global está afetando cada vez mais e qual é o país com a maior possibilidade de descarbonizar? o Brasil. A gente tem que melhorar essa síndrome de vira-lata que o brasileiro e a brasileira sentem", contou.

"O Etanol de Segunda Geração é uma oportunidade para o mundo ver o potencial do Brasil. Os outros países precisam entender que aqui é onde mais temos oportunidades de combustíveis limpos e renováveis. Não é um país pequeno, temos uma grande base de pesquisadores, uma capacidade extraordinária para fazer etanol. Eles vão ter que priorizar a energia daqui", explicou o Presidente.

Lula ainda contou que quando se reunir com outros líderes globais nas reuniões do G7, como Biden e Jiping, planeta ofertar o E2G brasileiro pelo grande potencial de produção do país.

O vice-presidente Geraldo Alckmin lembrou que a data da inauguração, 24 de maio, é o Dia da Indústria. "E aqui, no maior complexo de produção da E2G do mundo, mostramos que a palha que antes poluía o céu das cidades hoje vira etanol e combustível com menor pegada de carbono e mais competitividade com o resto do mundo", apontou.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, ainda indicou para outras oportunidades do Brasil no setor elétrico, como as energias nucleares. "Somos a sexta maior reserva de urânio no mundo e podemos ser uma grande fonte energética fundamental para o futuro", conta.

Ele ainda contou que a transição energética no Brasil tem dois vetores essenciais: a sustentabilidade e a geração de emprego de forma igualitária. "É fundamental que o país possa de destacar nos biocombustíveis e possa transformar isso em emprego, em renda e combate à desigualdades”, conta.

Investimento em energias limpas

Para a companhia, o uso do E2G é chave para a transição energética: a ideia é que a escalabilidade do biocombustível garanta oportunidades de expansão em setores que ainda batalham para pensar em estratégias para sua descarbonização, como o transporte marítimo e aviação.

A planta de Bonfim é a segunda unidade da Raízen a produzir o E2G. Além dela, o Parque de Bioenergia de Costa Pinto, em Piracicaba (SP), já havia implementado a produção como teste da escalabilidade e produtividade do novo etanol. Sua produção anual é de 30 milhões de litros do biocombustível, enquanto a de Guariba é a primeira a conseguir escala industrial. Juntas, as unidades produzem 112 milhões de litros de E2G por ano.

A empresa planeja inaugurar ainda neste ano-safra duas novas unidades: em Valparaíso e Barra Bonita, ambas em São Paulo. Além delas, outras seis usinas estão sendo construídas: as plantas de Andradina (SP) e Morro Agudo (SP) vão ser inauguradas em 2024-2025; Caarapó (MS) e Tarumã (SP), em 2026-2027.

Até 2030, a expectativa é que 20 usinas sejam instaladas. Apenas uma dessas unidades ainda não teve sua localização anunciada, mas sua finalização deve ser no ano safra de 2027-2028.

As onze usinas restantes aguardam ainda a finalização das anteriores para que sua construção seja preparada. Todas as novas unidades contarão com a mesma capacidade produtiva da usina de Bonfim e receberão investimentos similares, em R$ 1,2 bilhão.

De toda a produção de E2G, 80% já está sob contrato de comercialização com a Shell. Em 2022, as empresas fecharam um acordo pela venda de 4,4 bilhões de litros de Etanol de Segunda Geração.

Oportunidades de mercado

Mussa ainda afirmou que a segunda planta que vai ser inaugurada em Piracicaba deve ser uma das grandes promessas para a produção do biometano. "É o combustível do futuro, e com pouca contribuição nas emissões de carbono, já que é por volta de 90% limpo. O que impede a produção em escala é que ainda não compensa pelo consumo que existe de biometano.  E2G já tem mercado comprador, mas a demanda local de biometano ainda é baixa. Olhamos para esse mercado, mas em um ritmo mais baixo".

O CEO ainda detacou que o E2G já é uma das promessas para os SAFs e combustíveis marítimos, além do uso com hidrogênio verde. Atualmente, a meta de produção da planta está em 80%.

*A repórter viajou a convite da Raízen.

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