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As perdas registradas nas áreas protegidas do bioma amazônico atingiram 1.008 km² entre agosto de 2019 e julho deste ano, alta de 40% em relação aos 12 meses anteriores (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 07h13.
O Principles for Responsible Investment (PRI), entidade ligada à ONU que congrega investidores preocupados com fatores socioambientais, fará nesta quarta-feira, 2, um seminário para discutir sobre a relação entre desmatamento e pandemia.
O evento deve começar as 12h (horário de Brasília) e também irá abordar maneiras de reduzir os riscos ambientais nos portfólios de investimentos. Representantes de fundos de investimentos críticos ao avanço do desmatamento no Brasil, como o norueguês Storebrand, vão participar do evento, que deve trazer mais questionamentos à política do governo brasileiro em relação à proteção da Amazônia e do Pantanal.
Essa relação entre a destruição das florestas e o surgimento de novos vírus é estudada há anos -- até hoje, cientistas tentam explicar como a Amazônia ainda não foi o berço de uma epidemia. Pelo menos nos últimos 50 anos, as perturbações do homem com a mata, principalmente em relação ao desmatamento, se intensificaram cada vez mais.
Um estudo do Ipea de 2015, por exemplo, constatou que, para cada 1% de floresta derrubada por ano, os casos de malária aumentam 23% na Amazônia. Dos anos 70 para cá, segundo um relatório bianual do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, da sigla em inglês), o desmatamento reduziu 20% da Floresta Amazônica e 50% do Cerrado.
Só em junho deste ano, a mata registrou 1.034,4 km² de área desmatada, um recorde para o mês em toda a série história, que começou em 2015. No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da floresta, um aumento de 25% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os riscos aumentam considerando que o desmatamento cresce em ritmo acelerado. Nas unidades de conservação da Amazônia – que, por lei, deveriam ser mais protegidas de devastação – a destruição foi ainda pior que na floresta como um todo. As perdas registradas nas áreas protegidas do bioma atingiram 1.008 km² entre agosto de 2019 e julho deste ano, alta de 40% em relação aos 12 meses anteriores. Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e foram analisados pela organização WWF-Brasil.