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Projetos sustentáveis têm impacto positivo no valor de empresas, diz estudo da Universidade de Doha

Pesquisadores coletaram dados de mais de mil empresas da União Europeia em um intervalo de 11 anos. No Brasil, a tendência se repete, conforme aponta relatório da USP

Universidade de Doha, no Catar (UDST/Reprodução)

Universidade de Doha, no Catar (UDST/Reprodução)

Pedro Consoli
Pedro Consoli

Redator da Faculdade Exame

Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 09h45.

Última atualização em 17 de janeiro de 2025 às 11h37.

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Um estudo da Universidade de Doha, no Catar, indica que iniciativas sustentáveis têm um impacto positivo direto no valuation de empresas.

Os pesquisadores analisaram 1144 organizações em 27 países da União Europeia durante um período de 11 anos (2013-2024), e descobriram que, no geral, empresas que adotam iniciativas sustentáveis apresentam um aumento em seu valor de mercado. O estudo, publicado na última quinta-feira, 9, aponta que há menos de 1% de chance dessa relação ser coincidental.

O relatório, que ainda não passou por revisão de pares, mostra que empresas devem incorporar proativamente iniciativas ESG em seu processo decisório, de forma a potencializar seu valor e atrair investidores, principalmente os de geração Z.

"Investidores podem atribuir um maior valor a essas empresas devido às iniciativas sustentáveis," escreveram os autores.

Consenso no mercado

Diversos relatórios de consultorias especializadas norte-americanas corroboram este dado.

O Fórum de Investimentos Sustentáveis dos Estados Unidos (US SIF), principal autoridade do país no setor há mais de 40 anos, divulgou, em pesquisa, que 73% dos fundos de investimento entrevistados acreditam que o mercado de investimentos sustentáveis vai crescer nos próximos dois anos – o que é uma boa notícia para empresas que adotaram iniciativas verdes.

"Nós não achamos que essa tendência seja momentânea," disse Maria Lettini, CEO da US SIF, à Newsweek. Ela conta, ainda, que 12% de todo o mercado americano de investimentos é classificado como sustentável  – equivalente a US$6,5 trilhões.

Outro dado, dessa vez da Workiva, aponta que 85% dos mais de 1600 executivos estadunidenses entrevistados disseram que seguirão em frente com a agenda de sustentabilidade corporativa independentemente de resultados de eleições ou desenvolvimentos políticos.

A maioria das empresas procuradas concordou que a necessidade por transparência imposta pelos indicadores ESG ajudou-os a identificar gargalos e lacunas de performance, além de, consequentemente, potencializar o crescimento financeiro.

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Tendência que se repete no Brasil

Pesquisas nacionais também confirmam o movimento. Um artigo acadêmico da Universidade de São Paulo (USP-SP), que analisou nove países – quatro com economias desenvolvidas e cinco emergentes, incluindo o Brasil – concluiu que, independentemente do contexto econômico, práticas sustentáveis têm um impacto direto no ROA (retorno sobre ativos) das companhias.

Baseando-se no ESG Score, um índice quantitativo (0-100) que indica o nível de proficiência ESG de uma empresa, os pesquisadores brasileiros concluíram que o aumento de um ponto no ranking está associado a um crescimento de 0,37% no ROA. Na prática, isso quer dizer que iniciativas sustentáveis podem deixar as empresas mais rentáveis. Segundo a S&P Global, as maiores organizações do mundo têm um score médio de 46, o que, ainda de acordo com a USP, está associado a um potencial aumento de 17,02%.

O mesmo artigo também corrobora o estudo da Universidade de Doha. O aumento de um ponto no ESG Score está correlacionado a um crescimento de 2,83% no Q de Tobin, um indicador de mercado utilizado para determinar o valor de empresas no mercado.

Todos os estudos levam à mesma conclusão: há uma correlação entre investimentos em práticas ESG e a avaliação de mercado das empresas.

ESG também é oportunidade para CEOs solidificarem seu legado

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