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Soldados e policiais examinam o local onde um míssil caiu, perto de um prédio residencial no bairro de Bilychi, em Kiev (Matthew Hatcher/SOPA Images/LightRocket via Getty Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 16h55.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2025 às 17h04.
A guerra na Ucrânia já gerou cerca de 230 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa desde a invasão em grande escala pela Rússia em 2022. É o que revela um estudo divulgado nesta segunda-feira (24), dia em que o conflito completa três anos.
Apenas nos últimos 12 meses, as emissões registraram um aumento de 30% e chegaram a 55 milhões de toneladas , impulsionadas pelo aumento dos incêndios florestais, reconstrução de edifícios, danos à infraestrutura energética e deslocamento de refugiados e de aviões. O número seria o equivalente ao emitido por quatro países europeus juntos: Áustria, Hungria, República Tcheca e Eslováquia.
O levantamento, realizado pela organização Initiative on Greenhouse Gas Accounting of War, aponta que a área florestal queimada na Ucrânia em 2024 foi mais que o dobro da média dos anos anteriores .
Ao todo, foram 92,1 mil hectares destruídos pelo fogo -- contra 38,3 mil hectares anuais registrados entre 2022 e 2023. O fenômeno foi atribuído às condições extremas agravadas pela crise climática como a seca e calor e às dificuldades de contenção dos focos de incêndio na zona de guerra.
Os incêndios florestais seriam a maior causa da alta e levaram a 49 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono equivalente (MtCO₂e) em três anos, sendo 16,9 MtCO₂e apenas em 2024.
Lennard de Klerk, pesquisador-chefe do estudo, afirmou que o número de focos de fogo na Ucrânia é até 25 vezes maior do que o registrado antes da guerra .
A causa seria uma combinação de fogueiras feitas por soldados, a ignição causada por munições e drones e a impossibilidade de mobilizar bombeiros para controlarem pequenos focos de fogo -- que acabam se espalhando e tomando proporções maiores.
Além da destruição imediata, há um impacto a longo prazo, destaca a análise. Isto porque as florestas funcionam como sumidouros de carbono e, após incêndios, podem levar entre 40 e 60 anos para recuperar a capacidade de reabsorção de CO2.
O estudo também combinou as emissões causadas pelo fogo com outros fatores, como a destruição e reconstrução de infraestruturas, deslocamento de refugiados e uso de combustíveis fósseis por equipamentos militares. A conclusão é que maior parte delas vem do uso direto de armamentos e veículos militares, seguido pela reconstrução de edifícios e infraestrutura.
No primeiro ano da guerra, a destruição de prédios, hospitais e estradas gerou o maior volume devido à intensidade dos bombardeios iniciais. Com o conflito estabilizado em linhas de frente estáticas, os danos – e, consequentemente, a pegada de carbono – diminuíram nos anos seguintes.
Os pesquisadores alertam que o impacto ambiental das guerras não se restringe à Ucrânia e os gastos militares globais podem elevar ainda mais as emissões nos próximos anos. O estudo utilizou dados oficiais do governo ucraniano, registros de tráfego aéreo e imagens de satélite para mapear incêndios e destruição de infraestrutura.