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IFC20, em Luxemburgo, mostra compromisso global com favelas

Celso Athayde, fundador da Cufa, escreve como foi a passagem por Luxemburgo durante as Conferências Internacionais das Favelas; próximo encontro acontece na Suécia

Celso Athayde (centro) durante as Conferências Internacionais das Favelas, em Luxemburgo (Celso Athayde/Divulgação)

Celso Athayde (centro) durante as Conferências Internacionais das Favelas, em Luxemburgo (Celso Athayde/Divulgação)

Celso Athayde
Celso Athayde

CEO da Favela Holding

Publicado em 7 de maio de 2024 às 14h35.

Última atualização em 7 de maio de 2024 às 14h54.

Sabe aquele dia perfeito? Pois é, agora multiplica por três. Foi exatamente isto o que vivemos nesses três dias em Luxemburgo. Começamos com uma festa tímida no aeroporto, mas tudo bem porque não somos artistas e viemos aqui para supervisionar o lançamento das Conferências Internacionais das Favelas no país.

No dia seguinte, recebemos uma homenagem da maior empresa da área de saúde da região e uma das maiores do mundo. Estou falando da B Medical Systems. Ela opera focada em freezers, coolers e outros equipamentos criados para o armazenamento de sangue, vacinas, entre outras coisas. Passamos o dia vendo e aprendendo sobre o tema.

Ali ficou mais claro que nenhuma vacina ou resultado de exames será preciso se os dados não forem armazenados com precisão. E essa é a maior vantagem competitiva da B Medical. No final do dia, fechamos uma cooperação entre a Cufa e o grupo para nossa ação, que enfim vai começar em Roraima com os Ianomâmis.

Terminada a visita, fomos almoçar, e ali, entre uma garfada e outra, já se desenhava o que aconteceria à noite. O telefone do presidente da Cufa Luxemburgo não parava de tocar: embaixadores confirmando, prefeito, empresários, políticos. Daí eu perguntei: "Uellington, não é festa, é a conferência! O tom não estaria errado?" Ele riu e meio irritado disse: "Deixa comigo, chefão, vai ser lindo".

À tarde, corremos para o hotel para tomar um banho e trocar as roupas depois de um dia produtivo e corrido. Até que entramos no carro e o motorista, um português muito sacana, disse que deveríamos esperar porque tinha mais uma pessoa chegando.

"Claro, irmão. Mas liga para apressar, pois estamos atrasados."

Até que ela chegou, entrou na super van oferecida pela B Medical e lá fomos nós. De lá até o evento teríamos 1 hora de prosa e eu não vou contar tudo para não ser expulso da EXAME, afinal é um espaço para artigos e não teses de mestrado.

Me apresentei, ela sorriu e já sabia. Disse que havia me estudado, que ela é diretora do Banco Mundial para a África e sabe que o que estamos fazendo é revolucionário. Nesse momento, eu pensei até em parar de postar brincadeiras nas redes sociais e ficar passando uma imagem pensada por algum marketeiro. Mas não, deixa como está.

Cintia é uma preta de aproximadamente uns 30 anos, parecida com muitas irmãs e primas nossas que encontramos todos os dias nas festas de família. Gente totalmente nossa. Mas não vou esticar esse papo, embora ela mereça, pois fez uma fala impactante na abertura e a Cufa era o seu alvo máximo. Mas vamos para a festa. Sim, foi uma festa para refletir sobre o futuro que desejamos.

Som de freio — era o português freando bruscamente, ele tinha acelerado a meu pedido, portanto não caberia reclamação. Descemos e já na recepção eu vi umas dez negras e uns três homens pretos. Todos muito bem trajados. Eram de Luxemburgo e estavam me apresentando a Cufa. Ao entrar, tudo era lindo de ver, as pessoas felizes apesar do nosso atraso de 45 minutos naquela segunda fria.

Era tudo quase perfeito, exceto alguns logos que não pediram aprovação. As falas eram perfeitas, as contribuições eram ativas. As falas do movimento negro local foram poderosas e muito desse conteúdo irá aparecer na etapa nacional da conferência. O reconhecimento pelo trabalho da Cufa no país é algo impressionante. Cada fala, cada emoção, cada agradecimento por estarmos ali, cada compromisso das pessoas ao afirmarem que querem ajudar a diminuir as distâncias.

Muitas lições aprendidas nas falas e no olhar, por isso tive a certeza que meu filho acertou em primeiro morar na África para depois ir para Nova York. Ele precisa entender parte do que essa conferência mostrou. "Quanto é fascinante como as percepções podem ser desafiadas quando confrontamos a realidade".

Outro ponto que destaco foi a presença de embaixadores, não só do Brasil, de empresários e diplomatas de destaque no IFC20. Isso destacou o compromisso global com as favelas e das periferias independentemente do tipo de construção ou percentual de precariedade, eles demonstraram uma paixão unificada para contribuir com a agenda do G20.

Algo que destaco também foi o reconhecimento que a empresa de saúde B Medical no IFC20 foi um marco significativo, destacando seu compromisso com a inovação e o impacto social. Está surgindo aqui uma parceria promissora que irá abrir portas para avanços no setor de saúde no Brasil, beneficiando diretamente as periferias e favelas que são as que sofrem mais com as consequências de toda e qualquer deficiência no sistema.

Mas o maior mérito eu entrego para o Wellington Ramos, esse cara sério, dedicado e amigo. Sua conferência subiu o sarrafo na largada. E aqui vou me restringir ao calor e envolvimento de todos. Parabéns, irmão, parabéns a todos os membros da Cufa Luxemburgo. A única coisa que posso te oferecer de mais precioso nesse momento é minha lealdade plena.

#PartiuSuécia

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