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Hidrogênio verde: matriz energética limpa e grande disponibilidade de vento e sol fazem do Brasil um lugar ideal para a produção do combustível (INA FASSBENDER/AFP/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 8 de maio de 2023 às 12h04.
Última atualização em 10 de maio de 2023 às 16h13.
Uma série de lideranças empresariais do setor de energias renováveis assinou, na sexta-feira, 5, um acordo de cooperação para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde (H2R) no Brasil. O Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável envolve a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Associação Brasileira do Biogás (ABIOGÁS) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio).
O Pacto representa os interesses do desenvolvimento econômico de hidrogênio produzido por fontes renováveis, a iniciativa amplia a cooperação e o networking entre importantes partes dos mercados nacionais e internacionais.
Com seis objetivos, o Pacto busca contribuir para a definição de um arcabouço regulatório, desenvolver o mercado de aplicação de hidrogênio renovável, possibilitar o desenvolvimento socioeconômico, por meio da economia do hidrogênio renovável; promover o hidrogênio de origem renovável no País, disseminar as oportunidades de hidrogênio renovável aos seus associados e à sociedade brasileira e aumentar a competitividade da produção e uso do hidrogênio renovável.
“Para atingir a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa até 2050, o Brasil precisa fazer a sua parte e pode transformar este desafio em uma grande oportunidade de acelerar seu desenvolvimento socioeconômico e ambiental", disse Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR. Os analistas de mercado projetam que, em poucos anos, o Brasil poderá produzir o hidrogênio renovável mais competitivo do mundo, se desenvolver políticas públicas, programas e incentivos adequados.”
As ações do Pacto incluirão atividades e projetos para promover a cooperação e a participação das frentes como comissões técnicas, eventos, debates, palestras e publicações em prol da cadeia de valor do hidrogênio renovável, para estimular investimento e negócios.
O hidrogênio renovável é uma das possibilidades econômicas para a transição energética de descarbonização. Além de sustentável, o uso do hidrogênio diminui consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em setores complexos para descarbonizar, como a mineração, siderurgia, produção de aço e outros. Para Sauaia, a partir do desenvolvimento do hidrogênio renovável o Brasil pode se tornar um líder global na produção de combustível limpo.
“O mercado do hidrogênio é global. Sem incentivos efetivos à produção e ao consumo no mercado doméstico, perderemos oportunidades para outros países. O Brasil precisa avançar com a criação do mercado regulado de carbono, para acelerar a transição energética nos setores mais poluentes”, acrescenta Sauaia.
Para a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, o hidrogênio pode ser a chave para um mundo de carbono neutro. “No contexto da transição energética justa e no processo de descarbonização, temas estes que estão na pauta mundial, o hidrogênio surge como o combustível vetor da transição energética. Ele é cotado principalmente para descarbonizar setores que hoje são de difícil descarbonização, como é o caso do setor de transportes pesados, caminhões e navios, e o setor siderúrgico” destaca Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.
A quantidade de vento disponível no Brasil e o potencial eólico onshore e offshore, recursos solares e bioenergia posicionam o Brasil em um lugar de destaque e abre oportunidade para a produção de hidrogênio renovável. Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o País poderá instalar uma nova matriz elétrica inteira até 2040, destinada à produção do H2R, trazendo cerca de R$ 1 trilhão em novos investimentos no período.
“O desafio de transportar o hidrogênio renovável por longas distâncias favorece o desenvolvimento de indústrias próximas ao local onde ele é produzido, com efeitos positivos importantes na economia de vários países. As indústrias irão se instalar onde as condições climáticas e geográficas forem favoráveis à produção de hidrogênio renovável e o custo de transporte for baixo. O Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável pode ajudar muito nesta discussão, ao criar condições ideais para apoiar o Brasil nesta caminhada”, afirmou Ansgar Pinkowski, Diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da AHK Rio.
Com o Pacto, o Brasil também aproveita para oficializar a ambição de liderar a descarbonização no mundo com o hidrogênio renovável, unindo o biogás e a biomassa às fontes eólica e solar. Pela abundância de recursos renováveis no Brasil e pelo potencial de biogás elevado e diversificado, o Brasil tenta se colocar como o maior fornecedor global do hidrogênio renovável para mercados europeus, asiáticos e norte-americanos – estabelecendo desenvolvimento socioeconômico com produtos de baixa pegada de carbono.
Mais de 90% do hidrogênio do mundo atualmente vem do gás natural de origem fóssil, o que facilita o uso do biometano para descarbonizar a produção. “Uma vez que a molécula do biometano é igual à do gás natural, porém 100% renovável, o hidrogênio renovável a partir do biogás é obtido fazendo uso dos mesmos processos e da infraestrutura já existentes, de forma competitiva. Trata-se, portanto, de uma solução imediata de descarbonização da rota mais utilizada hoje no mundo e que contribui para colocar o Brasil na liderança da produção de hidrogênio renovável”, conclui o diretor executivo da ABiogás, Gabriel Kropsck.