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Heineken anuncia parceria com Ambipar com foco na logística reversa de embalagens de vidro

Fabricante de bebidas também atualizou dados de geração de energia renovável para bares e restaurantes em parceria com Raízen e Ultragaz, além do lançamento de programa com a CUFA para desenvolver negócios de favela

Aporte inicial de R$ 150 milhões da Heineken busca aumentar a circularidade das garrafas de vidro (Heineken/Divulgação)

Aporte inicial de R$ 150 milhões da Heineken busca aumentar a circularidade das garrafas de vidro (Heineken/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 27 de junho de 2024 às 08h00.

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Nesta quarta-feira, a Heineken Brasil, fabricante de bebidas, anunciou uma parceria com a Ambipar, companhia de gestão ambiental. O objetivo é dar uma destinação correta para as mais de 500 mil toneladas de embalagens que inserem no mercado todos os anos.

Com um aporte inicial de R$ 150 milhões da Heineken, a parceria busca aumentar a circularidade das garrafas de vidro, principal modelo de embalagens das bebidas produzidas atualmente. A Ambipar se encarregará da logística reversa das garrafas de vidro e da reciclagem dos cacos, processo que reduz os desafios da reutilização do material.

“O vidro é muito reciclável, mais sustentável que outros tipos de embalagem por natureza, mas colocamos muitas garrafas no mercado atualmente, e precisamos ser responsáveis por isso”, explica Ligia Camargo, diretora de sustentabilidade da Heineken. Segundo a última pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do Vidro, apenas 25% do vidro produzido é reciclado atualmente. “Essa estratégia surge para termos mais embalagens recicladas do que novas e movimentação no mercado.”

A parceria faz parte da nova estratégia de negócios de impacto e sustentabilidade da Heineken, chamada de Spin. A partir dessa área, a companhia busca acelerar sua descarbonização a partir da transição energética e do aumento da circularidade na cadeia de produção de bebidas.

Felipe Cury, sócio da Ambipar, contou que três bases de circularidade e tratamento do vidro devem ser instaladas no Pernambuco, Bahia e Espírito Santo na fase inicial do projeto. A meta é que a parceria totalize nove bases de circularidade até 2026. “É um ecossistema para investir na educação ambiental e na melhoria da cadeia de vidro. A Ambipar é um agente ativo nessa cadeia: temos a possibilidade de valorizar com estrutura, favorecer cooperativas que captam materiais de vidro e conectar com outros operadores logísticos”, explica.

Ele e outros executivos das duas empresas e parceiras estiveram presentes durante evento de divulgação da marca, realizado no entorno de uma roda gigante no Parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo.

Em entrevista à Exame, Ligia Camargo conta que a Spin remodela a estratégia de sustentabilidade da Heineken. “A gente quer colocar a Heineken como parte da solução, com iniciativas de circularidade, agricultura regenerativa, transição energética e marcas de impacto”, explica.

Energia verde em bares e restaurantes

A companha ainda divulgou resultados relativos à transição energética nos seus 900 mil pontos de vendas, como bares e restaurantes. Com a estratégia de geração distribuída de energia renovável, a empresa já firmou 40 mil contatos para pontos de venda próximos as suas unidades e fábricas.

Segundo Rafael Rizzi, diretor de novos negócios e projetos corporativos da Heineken, a ação conta com energia gerada pelas empresas Raízen e Ultragaz e amplia o acesso dos consumidores a energia sustentável por melhor custo. “Até 2030, queremos que 50% dos bares parceiros da Heineken utilizem energia verde, uma base robusta para mudar o cenário de energia no setor de bebidas”, explica.

Bruno Lopes, diretor comercial da Raízen Power, braço de soluções de energia elétrica renovável da empresa, contou que o número aproximado é de 200 mil bares a receberem a energia limpa. “Construímos usinas solares em 17 estados, com 22 distribuidoras diferentes. Depois de atingir os bares e restaurantes, queremos levar o serviço também para os consumidores”, contou.

Capacitação para empreendedores de favela

Outro projeto da fabricante de bebidas, dessa vez com a Central Única das Favelas (CUFA), busca levar a experiência da Heineken para desenvolver negócios de favela. A ação, liderada pela Escola de Negócios da CUFA, central de aceleração para empresas periféricas, vai levar capacitações para empreendedores do setor de bebidas. A Heineken ingressa nos negócios em sistema de sociedade, mas sem aporte financeiro: a troca vem pela facilidade de acesso a matéria-prima, linha de produção e sistema logístico da cervejaria, que gera melhoria nos custos e otimiza o trabalho das pequenas empresas.

“Vamos levar conteúdo empreendedor para quem já tem empresa nas favelas. Todos podem aprender com marketing, gestão e estratégia financeira da Heineken, não só empreendedores do mercado de bebidas, sem ter que competir com quem já lidera do setor”, explica Cleo Santana, líder da Escola de Negócios da CUFA.

“São 16 milhões de pessoas nas favelas e periferias, que movimentam R$ 202 bilhões em uma economia própria. A periferia é muito potente e tem muita inovação acontecendo dentro desses territórios. Quando a gente conecta uma empresa como a Heineken, que tem um poder de marca nacional, e aproxima de empreendedores locais, para quem falta força de marca, estamos unindo o melhor dos dois universos para dialogar na construção de futuros mais sustentáveis”, conta Santana.

O primeiro empreendedor a participar do programa é Rogerinho Ferradura, dono da cerveja Bola Véia. Segundo Santana, a expertise da Heineken pode ajudar a aumentar os lucros recebidos por cada venda e diminuir os custos operacionais ou na compra de materiais.

Ligia Camargo aponta que a união também beneficia o modelo de negócios da Heineken. “Estamos muitos felizes com essa parceria que une uma multinacional de alto alcance e capacidade de distribuição e uma população absolutamente criativa e que está no ‘corre’. A união possibilita que a Heineken olhe para esses empreendedores como inovação de marca e fortaleça as vozes desses empreendedores nas comunidades urbanas”, conta.

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