ESG

Grupo Boticário tem uma reserva de Mata Atlântica há 30 anos. Hoje, ela é estratégica para o negócio

Criada em 1990, Fundação Grupo Boticário é conectada pela primeira vez a uma marca para dar mais visibilidade às ações de preservação da natureza

Reserva Natural Salto Morato, administrada pela Fundação Grupo Boticário (Fernanda Bastos/Exame)

Reserva Natural Salto Morato, administrada pela Fundação Grupo Boticário (Fernanda Bastos/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 12h45.

Em 1990, quando as companhias mal abordavam temas ESG (sigla em inglês para sustentabilidade, social e governança), Miguel Krigsner, fundador do Grupo Boticário, achou possível realizar um trabalho de conservação dos recursos naturais e incentivo para pesquisas científicas em prol do desenvolvimento social, natural e econômico, criando a Fundação Grupo Boticário.

Quatro anos depois, a ideia foi transformar uma fazenda, até então destinada à criação de búfalos, em uma floresta conservada de Mata Atlântica: a Reserva Natural do Salto Morato, localizada em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná.

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“O trabalho aqui na Reserva começa com a criação da Fundação, antes mesmo de haver iniciativas como a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente no Rio de Janeiro. A intenção do Dr. Miguel Krigsner era deixar um legado de beleza, sustentabilidade e natureza conservada para o mundo”, diz Ginessa Correa Lemos, administradora da Reserva Natural Salto Morato.

Segundo ela, a Reserva está num trecho especial de Mata Atlântica, o último remanescente que pega o litoral sul de São Paulo e o litoral norte do Paraná, considerado pela UNESCO um patrimônio natural da humanidade.

Nos 2.253 hectares de Reserva, há diferentes altitudes e relevos. “A fauna e a flora ocupam diferentes andares da natureza. Tem alguns bichos e plantas que vivem em área mais baixa e outros que preferem mais atitude, e aqui temos esse diferencial. Saímos de 20 metros do nível do mar, e chegamos a 900 metros no ponto mais alto”, afirma.

Para a conservação, além da manutenção e acompanhamento diário da equipe da Reserva, há um trabalho de incentivo à pesquisa. Desde 1994 foram mais de 127 projetos de pesquisa de diferentes temas e universidades de todo o Brasil na Reserva.

Os estudos auxiliam as ações de manejo da área quando, por exemplo, um pesquisador instala redes para análise dos morcegos no local; ou outro compreende a diversidade dos veados na região. Já em toda a Fundação, foram 1.622 iniciativas que auxiliaram na identificação de 177 espécies.

A produtividade da floresta em pé

Além da Reserva Natural do Salto Morato, a Fundação Grupo Boticário administra no Cerrado a Reserva Natural Serra do Tombador, em Goiás. Com isto, são preservados o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera, em São Paulo. “Este trabalho acontece porque acreditamos que a floresta produtiva é a floresta em pé”, diz Ginessa. E isto não tem relação com insumos para produção de cosméticos do Grupo.

“Salto Morato é um dos principais atrativos do município. A gente entende que o turismo de natureza é a vocação da região para a economia e tentamos incentivar a comunidade com várias oportunidades de mercado, como condução em trilhas, uma lanchonete dentro da reserva, crescimento do transporte para geração de acesso sem degradação das áreas e mais”, afirma.

A marca O Boticário e a conexão com a Fundação

Justamente por não utilizar recursos das Reservas para a produção de itens comerciais, a Fundação sempre teve uma separação institucional com as demais áreas do Grupo Boticário. Mas, percebendo o crescente interesse dos consumidores por práticas sustentáveis, uma união das partes aconteceu recentemente em busca de mais visibilidade das ações.

Pela primeira vez, um espaço dentro da Reserva Natural do Salto Morato recebe o nome de um produto: a frangância masculina Arbo Forest. “A fragrância oferece a sensação de natureza, assim como as experiências aqui em Salto Morato. Assim, estamos rebatizando a Trilha da Figueira para Figueira, by Arbo”, diz Ginessa.

A iniciativa acontece após o recente lançamento de Arbo Forest, que tem como slogan o “Banho de Floresta”. “Muita gente visita a Reserva e não sabe que é administrada pela Fundação Grupo Boticário. Queremos mostrar essa ligação de uma forma que reforce o cuidado com a natureza. Também é positivo para nós que mais pessoas saibam da ligação e nos visitem. O contato com a natureza auxilia no entendimento dos motivos para a preservação”, afirma Ginessa.

De acordo com Renata Gomide, diretora de marketing do Grupo Boticário, Arbo também materializa as ações de sustentabilidade do Boticário. “Arbo é o primeiro item de O Boticário a contar com um refil de alumínio junto ao lançamento, reforçando o compromisso com a comunidade e com a sustentabilidade, visto o alto valor agregado da embalagem refil para a cadeia de reciclagem”, diz.

De acordo com ambas executivas, inserir a sustentabilidade nos processos e nas tomadas de decisão é premissa inegociável e que faz parte do modelo de negócio da empresa. “Essa atenção nos levou a assumir 16 compromissos para o futuro, e, entre eles, traz o mapeamento e a solução de 150% dos resíduos sólidos da nossa cadeia até 2030; a promoção da conservação da biodiversidade, direta ou indiretamente, em 3,5 milhões de hectares; e o engajamento de novos atores estratégicos em relação aos impactos da emissão de gases de efeito estufa”, afirma Renata.

 

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