ESG

Sem governança, o futuro da empresa fica comprometido

Das 3 frentes ESG, governança é a velha conhecida do mercado financeiro — mas nem por isso fácil ou menos interessante

Será que faz sentido para uma empresa de bens de consumo que tem como seus principais clientes mulheres de 20 a 40 anos ter no seu conselho apenas homens com mais de 60 anos? (Thomas Barwick/Getty Images)

Será que faz sentido para uma empresa de bens de consumo que tem como seus principais clientes mulheres de 20 a 40 anos ter no seu conselho apenas homens com mais de 60 anos? (Thomas Barwick/Getty Images)

(Por Renata Faber, head de EXAME ESG)

Das 3 frentes ESG, governança é a velha conhecida do mercado financeiro — mas nem por isso fácil ou menos interessante. Sem uma boa governança, a empresa pode não empregar os recursos da melhor forma possível. Sem uma boa governança, dificilmente a empresa terá foco no longo prazo.

Sem uma boa governança, o relacionamento com os stakeholders pode não ser sólido, pois precisa de governança para estabelecer (e respeitar) políticas, regras e normas. Enfim... sem governança, a existência da empresa fica comprometida, assim como a possibilidade de a empresa causar impacto ambiental e social.

Na parte de governança, precisamos prestar especial atenção à composição do conselho (olhando para independência dos membros e diversidade de perfis), comitês/políticas, transparência, ética/integridade e relacionamento com os minoritários.

Como escrevemos anteriormente, acreditamos que a agenda de sustentabilidade não é genuína e não terá sucesso se não tiver apoio do CEO e do conselho de administração da empresa.

Diversidade no conselho de administração. Acreditamos que um conselho deva buscar diversidade de perfis e experiências, e isso pode naturalmente trazer outros tipos de diversidade (por exemplo, de gênero e idade). A discussão torna-se mais rica e ampla dentro de um grupo de pessoas com diferentes backgrounds — financeiro, marketing, RH, tecnologia, transformação organizacional etc.

Para uma empresa de varejo que busca crescer sua plataforma digital, faz sentido ter no conselho alguém com um background de tecnologia; para uma empresa industrial que busca a internacionalização, faz sentido alguém com vivência internacional.

Será que faz sentido para uma empresa de bens de consumo que tem como seus principais clientes mulheres de 20 a 40 anos ter no seu conselho apenas homens com mais de 60 anos?

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Além da questão da diversidade de perfis, quando olhamos para a composição do conselho de administração, os outros pontos que devemos considerar são: os acionistas minoritários estão sendo representados? o CEO e o presidente do conselho são a mesma pessoa? qual a frequência com que esse conselho se reúne?

Comitês. Muitas empresas têm implementado comitês que se reportam ao conselho ou ao CEO, e esses comitês, que são compostos também por pessoas externas à organização, têm ajudado na melhora da governança e na implementação e gestão de temas importantes.

Vemos com mais frequência comitês de Pessoas, Remuneração, Risco e Auditoria se reportando ao conselho de administração e outros comitês (por exemplo, divulgação) se reportando ao CEO; acreditamos que uma tendência seja a criação de comitês de sustentabilidade ou ESG, o que ajudará a impulsionar esse tema nas empresas.

Outros pontos relevantes em governança. Transparência na divulgação de informações, histórico de relacionamento com acionistas minoritários, plano de sucessão de executivos-chave e política de remuneração são pontos nos quais devemos prestar atenção em governança.

A questão ética também merece atenção especial: treinamento anticorrupção, canais de denúncia e código de conduta, considerando sempre o histórico da empresa nesse tema e como a empresa lidou com eventuais problemas.

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