Apoio:
Parceiro institucional:
Para Zeca Gavião, a busca por patrocinadores vai ajudar a garantir o desenvolvimento social da aldeia Kyikatejê
Repórter de ESG
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 16h22.
Em julho do ano passado, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, respondia perguntas em uma coletiva de imprensa sobre o resultado do último jogo da equipe paulistana, que havia ganhado de 3 a 1 em uma partida difícil contra o Atlético-GO. Em uma tentativa de defesa sobre a organização dos jogadores, Ferreira disse: “isso não é uma equipe de índios”.
A frase logo era destacada nos jornais e nas redes sociais pelo seu cunho xenofóbico. Após as críticas e apontamentos de grupos indígenas, Abel Ferreira pediu desculpas via assessoria de imprensa e alegou que “nunca pretendeu ofender ninguém”.
Mesmo assim, o ocorrido ficou na cabeça dos publicitários Victor Toyofuku, Yohanna Ioshua e Henrique Louzada. A falta de conhecimento sobre os indígenas no Brasil e a ausência deles entre clubes de futebol motivou a criação de uma campanha que pudesse unir esses dois temas.
Os três decidiram criar uma campanha em busca de patrocínio com a Gavião Kyikatejê, um time criado em 2009 na cidade de Marabá, Pará, pelo cacique Zeca Gavião, que assumiu também a posição de técnico da equipe. Um vídeo, publicado nas redes sociais, segue o mote: Time de índio? Isso nunca existiu. Mas existe time indígena.
Agora, o objetivo da campanha é trabalhar a história do time e de seus jogadores para combater o preconceito e atrair patrocinadores. Até o momento, o time não conta com nenhum investidor, o que atrasa o trabalho e impede que o Gavião conquiste mais espaço nos campeonatos brasileiros.
Para Zeca Gavião, a busca por patrocinadores vai ajudar a garantir o desenvolvimento social da região. “Isso vai nos ajudar a melhorar a estrutura e a qualidade de vida dos atletas e da comunidade da aldeia Kyikatejê”, explica.
A equipe foi fundada a partir da indignação do líder com a resistência de times paraenses para contratar jovens indígenas com talento para o futebol. Segundo o criador do time, os atletas passavam por muito preconceito no futebol profissional e tinham que retornar as suas aldeias.
Assim, foi criado o primeiro clube de futebol indígena do Brasil. Ainda hoje, a equipe enfrenta desafios para poder manter os jogadores e profissionais. De acordo com o técnico, o Gavião Kyikatejê não consegue trazer jogadores indígenas de outros Estados, já que falta recursos financeiros.
Entre 2013 e 2014, o Gavião Kyikatejê disputou o Campeonato Paraense na primeira divisão, disputando contra os grandes Paysandu e Remo.
A campanha gerou um filme com simbologias e lendas da étnia Kyikatejê, buscando aproximar o público da história da população. “Queremos que o espectador sinta a energia da aldeia para realmente compreender quem são esses atletas”, conta Faga Melo, um dos diretores de arte envolvidos no projeto.
Luiz Whately, diretor de cena envolvido no filme, ainda complementa: “Ao contarmos a história do Gavião Kyikatejê, damos visibilidade ao time e tratamos os povos originários com o devido respeito”.