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Fundo de Perdas e Danos ajudará países vulneráveis a enfrentar desastres climáticos (CESAR MANSO/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 17h48.
O tão aguardado fundo para perdas e danos climáticos, que visa apoiar países vulneráveis diante dos impactos da mudança climática, está programado para iniciar a distribuição de recursos em 2025. O anúncio foi feito por autoridades durante a COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, nesta terça-feira, 12.
Quase 200 nações concordaram, na COP28, com a criação de um fundo dedicado à ajuda a países em desenvolvimento, oferecendo suporte para reconstrução após desastres climáticos. Segundo cientistas, a mudança climática intensifica a frequência e a gravidade de eventos extremos, como inundações e furacões.
“O fundo de perdas e danos está pronto para desembolsar financiamento”, declarou Ibrahima Cheikh Diong, diretor-executivo do Senegal, durante a assinatura dos protocolos oficiais que formalizam a iniciativa. O lançamento do fundo é visto como um marco nas negociações entre países do Norte e do Sul global em relação ao financiamento climático, um tema central na COP29.
Alguns países ricos, como Alemanha, França, Emirados Árabes Unidos e Dinamarca, já se comprometeram a contribuir com 722 milhões de dólares (4,16 bilhões de reais). No entanto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou o montante, afirmando que “não chega nem perto de reparar os danos infligidos aos vulneráveis” e comparou a quantia à renda anual dos dez jogadores de futebol mais bem pagos do mundo. Ele ressaltou que o valor atual “não representa nem um quarto dos danos causados no Vietnã pelo furacão Yagi”.
Estima-se que os danos resultantes de desastres climáticos somem bilhões de dólares. Atualmente, os fundos climáticos disponíveis são insuficientes para cobrir as perdas de um único evento, alertam especialistas. Países em desenvolvimento vêm pressionando há três décadas pela criação de um fundo que os auxilie na recuperação dos impactos climáticos, tornando o acordo firmado no ano passado um avanço diplomático significativo.
Desde então, o mecanismo já conta com um diretor, um conselho de administração — com maior representatividade dos países em desenvolvimento em comparação com outros fundos internacionais — e uma sede provisória no Banco Mundial. A sede permanente, no entanto, ficará em Manila, nas Filipinas, uma decisão que gera controvérsia entre as nações do Sul.
Segundo algumas projeções, países em desenvolvimento necessitam de mais de 400 bilhões de dólares (2,3 trilhões de reais) por ano para se reconstruírem após desastres climáticos. Um estudo estima que, até 2030, o valor global anual para cobrir esses desastres estará entre 290 bilhões e 580 bilhões de dólares (1,67 trilhão e 3,34 trilhões de reais), com tendência de crescimento contínuo após essa data.
Estes números ressaltam a urgência de um compromisso mais expressivo dos países desenvolvidos, apontam as lideranças climáticas, para garantir o apoio necessário às nações em situação de vulnerabilidade.