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A economia circular poderia resolver aproximadamente 45% das emissões globais, destaca o estudo (iStock/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 8 de abril de 2025 às 14h55.
Última atualização em 8 de abril de 2025 às 15h10.
Embora a economia circular seja peça fundamental na transição para uma economia de baixo carbono, um novo estudo da Fundação Ellen MacArthur revelou que o principal sistema de contabilização de emissões (GHG Protocol) usado mundialmente desde a década de 90 pode estar penalizando ou não reconhecendo empresas que adotam práticas circulares.
Segundo a análise, há falhas no GHG Protocol que podem estar desestimulando iniciativas positivas de gestão de resíduos na indústria. Na prática, as companhias que têm apostado em reciclagem e reaproveitamento não têm esses benefícios refletidos nos seus inventários de carbono -- dividido em escopos 1, 2 e 3.
Junto a uma rede global de mais de 400 empresas, a fundação lidera a formulação de oportunidades econômicas nesta agenda, com foco em três princípios: eliminar a poluição desde o design de produtos, criar materiais com alto valor agregado e regenerar a natureza.
Luisa Santiago, diretora executiva para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur, ressaltou que o gargalo acontece quando as corporações sabem que a economia circular é essencial para enfrentar as mudanças climáticas, mas não veem isso na sua contabilização de emissões e pegada de carbono.
"O Brasil já superou algumas limitações, como considerar apenas o ciclo técnico e industrial deste novo modelo econômico não linear. Já integramos tanto o ciclo biológico como a manufatureira, abrangendo bioeconomia, alimentos, biomateriais, fármacos e energia", disse em entrevista à EXAME.
Além disso, o estudo aponta cinco áreas específicas onde o GHG Protocol poderia ser revisado para incorporar o impacto das práticas circulares. São eles:
Um dos dados em destaque do estudo também mostra que a economia circular poderia resolver aproximadamente 45% das emissões globais, enquanto a transição energética resolveria os 55% restantes.
Exemplos de práticas incluem carros com design mais leve, que poderiam reduzir 89 milhões de toneladas de CO₂e anualmente, e embalagens reutilizáveis, que representariam redução de 35% a 70% nas emissões em comparação com descartáveis.
Especialistas também defendem que a revisão do protocolo incentivaria mais empresas a adotarem modelos circulares e atrairia mais investimentos para negócios sustentáveis. "A mudança demonstra que as empresas podem continuar a investir nestas práticas, pois isso trará um resultado positivo para elas e esse resultado será demonstrado", concluiu Luisa.