Ram Mahidhara, Felipe Gutterres e Sudhi Mukherjee: sócios da arara.io (Karin Schaly/Reprodução)
Marina Filippe
Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 07h00.
Uma nova solução de produtos financeiros e climáticos para cadeia de suprimentos chega ao Brasil. A fintech americana arara.io, nascida da experiência de sócios estrangeiros e brasileiros, chega ao país com o objetivo de ajudar as empresas e seus fornecedores a atingirem suas metas ESG, ao mesmo tempo conectar créditos verdes e sustentáveis com financiadores.
“Vimos fatores econômicos, ambientais e corporativos críticos em nossa decisão de abrir a primeira fintech de financiamento da cadeia de suprimentos verde no Brasil”, diz Felipe Gutterres, CEO e cofundador da arara.io. Segundo ele, há no Brasil um potencial economico, o grande interesse nas mudanças climáticas por parte de empresas, sociedade civil e a juventude do Brasil. “E embora o Brasil tenha feito progressos substanciais na área de sustentabilidade, também há muito espaço para melhorar – e, portanto, um lugar onde podemos fazer uma diferença significativa”, afirma.
Para iniciar as operações no país, a companhia investiu mais de 11 milhões de reais, especialmente em tecnologia, data analytics, marketing e pessoas. O tamanho do mercado endereçável é de cerca de 400 bilhões de reais, e o objetivo da plataforma é movimentar, já no primeiro ano, 3 bilhões de reais e multiplicar esse montante por 10, até o final do terceiro ano de operação no Brasil.
Isto será possível pois, segundo dados do Banco Mundial, existe uma lacuna de financiamento a pequenas e médias empresas no Brasil de 100 bilhões de dólares, embora o país seja o maior mercado da América Latina. Além disso, as modalidades de financiamento disponíveis atualmente não endereçam questões de sustentabilidade e climáticas de modo relevante, focando apenas na análise financeira dos solicitantes de crédito.
“Nesse contexto, a arara.io faz a conexão entre financiadores, previamente cadastradas na plataforma, a empresa âncora e os seus diversos fornecedores tendo como fio condutor objetivos e metas estratégicas climáticas e de ESG”, diz Gutterres.
A arara.io permite que as empresas âncora e seus fornecedores sejam analisados a partir de uma taxonomia própria, e ranqueados pelo ASE (Arara Sustainability Evaluation), que mensura a performance climática e sustentável da cadeia de Suprimentos e individualmente de cada fornecedor.
A classificação obtida pelos fornecedores pode dar a eles condições diferenciadas para antecipação de recebíveis, entre outros benefícios, com taxas menores por meio do grupo de financiadores participantes da plataforma.
“Sabemos que, dos desafios climáticos de uma empresa, 30% estão dentro de suas próprias estruturas, mas 70% estão no fornecimento.Sem sustentabilidade das cadeias de suprimentos, as empresas não prosperam e botam em risco a sua longevidade. Para isso, é necessário avaliar os riscos ESG e incentivar fornecedores a evoluir nessa agenda. Temos também que considerar a capacidade de dar liquidez para os fornecedores, principalmente os pequenos e médios, e o que fazemos é exatamente isso, tornamos a avaliação ESG das cadeias de suprimentos rápida, pouco custosa e eficiente”.