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Luciana Marsicano, diretora da Pandora no Canadá (//Divulgação)
Plataforma feminina
Publicado em 22 de março de 2024 às 11h59.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 12h34.
Por Luciana Marsicano*
Sempre sonhei com uma expatriação, com a oportunidade de construir uma carreira internacional, excitante, cheia de novidades e aprendizados, que me permitisse viajar o mundo e crescer culturalmente.
Tive algumas oportunidades no início de carreira que não se tornaram realidade e esse momento tão esperado chegou quando eu estava prestes a celebrar meus 50 anos.
Quando muitos aceleram seus projetos de empreender e deixar o mercado corporativo em busca de mais autonomia ou por real falta de perspectivas, eu, surpreendentemente, tive a chance de dar um grande salto profissional e me tornar uma executiva global.
Impossível não ressaltar a palavra “surpreendentemente”, porque a realidade do mundo corporativo não é esta. Oportunidades após os 50 anos, principalmente na América Latina, são escassas.
Os executivos do alto da pirâmide são considerados muito caros para as empresas e há um enorme bias com relação a sua capacidade de entender as novas gerações, novas tecnologias, estar aberto a mudancas, assumir riscos. Somam-se a estas crenças, a grande volatilidade tanto política quanto econômica que desafiam as empresas diariamente, afetando sua lucratividade.
O fato é que enquanto observamos um significativo avanço em termos de diversidade e inclusão, a iniciativa ainda se limita a questões de gênero e raça, não tratando o etarismo.
A idade é um tabu não discutido e silenciado pelo mundo corporativo, completamente desconectado da nova expectativa de vida do ser humano.
Conheço muitos executivos de 50 anos ou mais que têm energia de sobra, experiência, têm histórico comprovado de entrega de resultados, network de primeira grandeza e vivem em estado de eterno aprendizado. Contudo, sentem-se “taxados” como velhos e excluídos das oportunidades de crescimento em suas empresas. Diariamente, muitos desistem da vida corporativa, o que é desalentador.
Acredito em balanço, em comunhão entre o novo e o experiente, na troca genuína de conhecimento e perspectivas, e em desmascarar tabus velados.
A oportunidade que tive foi rara, apareceu na contramão das tendências, mas no momento certo para mim e para a empresa. Nossos “tempos bateram” e cá estou na América do Norte desde então. Três anos voaram nos Estados Unidos e estou prestes a completar meu segundo ano no Canadá... tornei-me uma grande exceção à regra.
Enfim, precisamos escancarar a conversa sobre etarismo e ser agentes de mudança na contratação de diversidade em todos os sentidos, para assim construir equipes de alta performance com impacto em inovação, resultados financeiros e na sociedade onde vivemos.
Minha provocação hoje e sempre será: quantas pessoas acima de 50 anos você tem em sua empresa, quantas contratou recentemente ou estão no seu radar para futuras oportunidades? Se voce é executivo e quer acabar com o preconceito de idade que mais dia ou menos dia ameaçará a sua própria empregabilidade, precisa fazer do seu discurso seus atos, e ter targets claros de contratação de 50+.
Vivo hoje em um país extremamente multicultural e inclusivo, onde a empregabilidade de 50+ é uma realidade. Trabalho para uma empresa global que também reflete estes valores e onde as pessosas não se sentem ameaçadas ao celebrar 25 anos de empresa, nem envergonhadas por celebrar 60 anos de idade. Meu papel ativo neste contexto, é continuar desenvolvendo e contratando profissionais das mais diversas faixas etárias, incluindo aqui 50+, e garantir que diversidade e inclusão não sejam apenas pautas de Recursos Humanos.
*Luciana Marsicano é diretora da Pandora no Canadá