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Sustentabilidade no compliance: para muitos CCOs, as empresas não implementam metas ESG à governança corporativa (Reprodução/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 10h26.
Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 13h29.
De acordo com pesquisa da consultoria KPMG, quase metade das empresas globais entrevistadas enxerga o compliance como algo a ser aperfeiçoado. Além disso, 48% afirmam que não iniciaram a implementação de temas como sustentabilidade e ESG nos programas de compliance. A pesquisa ouviu mais de 200 CCOs (Chief Compliance Officer) de seis setores industriais globalmente.
“Essas percepções podem impactar a saúde dos negócios, destacando a complexidade regulatória, desafios operacionais, estabelecimento de uma cultura ética e a aderência às exigências e compromissos ESG, além da melhor aplicação da tecnologia como aliada à gestão de riscos do negócio”, afirma Emerson Melo, sócio-líder da prática forense da KPMG na América do Sul em entrevista à EXAME.
Ainda segundo o levantamento, mais de 60% dos entrevistados disseram que o compliance é a principal área a ser aprimorada, e por esse motivo esperam um orçamento mais elevado para o setor. Essa questão é levantada por conta das regulamentações globais. A pesquisa sugere que as companhias tenham um monitoramento das partes interessadas, com as expectativas de investidores, considerando reclamações, denúncias e outros. Além disso, práticas como rastreamento, resolução documental e divulgação de informações também são pontuadas como recomendadas.
Para os respondentes, as regulamentações setoriais estão no topo da lista das principais áreas focais do compliance. Pensando nisso, a maioria dos CCOs dizem buscar melhorias em processos de regulamentações, enquanto 33% dizem focar na proteção de ataques virtuais às informações.
Para Melo, a governança corporativa, quando estruturada adequadamente, serve para detectar, responder e prevenir riscos internos e externos. Outra função é endereçar as preocupações regulatórias. Aplicado aos negócios, o compliance ajuda na mitigação de riscos de imagem e reputação, pensando nesses pontos alinhados aos objetivos e estratégias das companhias.
“Nesse sentido, é primordial que a função de compliance, implementada por uma organização, de capital aberto ou não, tenha os seguintes pilares estabelecidos e respeitando sua estrutura e complexidade de negócio, como por exemplo, governança e cultura, pessoas, mapeamento de riscos, políticas e procedimentos, treinamentos e comunicações (prevenção)”, disse Melo.
Ainda de acordo com a pesquisa, espera-se que, nos próximos anos, o foco em conformidade aumente, assim como o uso de tecnologia e atração de talentos na área. Já a análise de dados deve ser um dos temas a ser aprimorados nos próximos dois anos – já que segurança cibernética, privacidade de dados, automação e uso de Inteligência Artificial (IA) têm sido assuntos muito discutidos. O estudo também prevê que o número de funcionários na área pode aumentar, apesar de existirem incertezas econômicas.
“Considerando os desafios apontados pelos ao longo da pesquisa, pode-se concluir que os próximos dois anos irão requerer das empresas e dos profissionais de compliance ainda mais energia. Investir em cultura, ética e pessoas, gestão dos riscos de terceiros e tecnologia não é opcional. Pelo contrário, deve ser encarado como uma ação estratégica e mandatória para prevenir, detectar e responder aos riscos e pressões regulatórias permitindo maior competitividade e continuidade dos negócios”, diz Melo.