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Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas

As novas regras da ONU permitem que os observadores comprovem com mais facilidade a presença de grupos de lobby

A COP29 acontece na capital do Azerbaijão, Baku (AFP)

A COP29 acontece na capital do Azerbaijão, Baku (AFP)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 12h27.

Última atualização em 15 de novembro de 2024 às 12h29.

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Executivos, ministros e consultores do setor de combustíveis fósseis se apresentaram nesta sexta-feira (15) como atores indispensáveis da transição energética na COP29, uma conferência da ONU que, segundo as ONGs, dá muito espaço aos grupos de lobby.

Dezenas de eventos sobre o tema energia foram organizados nesta sexta-feira na capital do Azerbaijão, Baku, e em uma área vizinha na qual muitas empresas e grupos lobistas estabeleceram postos de informação.

Na agenda estavam os ministros da Energia do Cazaquistão, dos Estados Unidos (maior produtor mundial de petróleo) e de outros países, executivos de empresas de energia solar ou de gás, empresários dos mercados de carbono e de "emissões zero".

"Sim, somos parte do problema climático, mas seguimos uma lógica de progresso contínuo, embora nunca seja suficientemente rápido" aos olhos da sociedade", declarou à AFP o CEO da empresa francesa TotalEnergies, Patrick Pouyanné, após um evento com o presidente da petrolífera azerbaijana Socar.

A conferência da ONU é presidida por um ex-executivo da Socar, Mukhtar Babayev.

Como no ano passado, na COP28 em Dubai, as ONGs denunciaram a presença de centenas de representantes de empresas e lobistas do setor de energias fósseis, um total de 1.773, segundo a coalizão 'Kick Big Polluters Out' ('Expulsar os Grandes Poluidores', KBPO), que reúne 450 organizações.

Na entrada da COP29, uma serpente gigante, que representa a interferência das empresas nas negociações da ONU, dava as boas-vindas aos delegados nesta sexta-feira.

"As energias fósseis devastam as vida das pessoas", disse Makoma Lekalakala, da ONG EarthLife.

"Exigimos o fim do colonialismo energético no Sul", declarou à AFP a ativista identificada apenas como Bhebhe, da ONG Power Shift Africa.

Os ativistas não são os únicos que acreditam que as COPs estão sob a influência dos grupos de lobby.

"É lamentável que o setor de energia fóssil e os petroestados tenham assumido o controle dos processos da COP, de uma forma insalubre", disse o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore.

BP, ExxonMobil

Quase 53.000 pessoas foram credenciadas para a COP29, além da equipe técnica e dos organizadores, segundo a ONU.

As novas regras da ONU permitem que os observadores comprovem com mais facilidade a presença de grupos de lobby. Desde a COP28, os participantes devem declarar informações sobre seu emprego e suas relações, financeiras ou de outro tipo, com a entidade que solicita seu credenciamento.

Entre as delegações nacionais, o Japão incluiu o gigante do carvão Sumitomo, enquanto o Canadá conta com os produtores de petróleo Suncor e Tourmaline.

Em conjunto, as empresas de petróleo ocidentais Chevron, ExxonMobil, BP, Shell e Eni reuniram "39 lobistas", segundo as ONGs.

Calculado em quase 1.800, o número exato de lobistas das energias fósseis na COP29 pode ser diferente, pois a contagem inclui pessoas relacionadas com empresas cuja atividade principal não envolve as energias fósseis, como a francesa EDF ou a líder dinamarquesa das energias renováveis Orsted.

A presença recorde de empresas na COP28 de Dubai, no ano passado, não impediu que a reunião alcançasse o primeiro acordo da história das COPs que pede um abandono progressivo das energias fósseis.

"Lentamente"

A apenas uma semana do final da conferência, na qual negociadores de quase 200 países tentam obter um acordo sobre como os países desenvolvidos contribuirão para a quantia de um trilhão de dólares (5,8 trilhões de reais) necessários, no mínimo, por ano para que os países em desenvolvimento enfrentem as mudanças climáticas.

"Honestamente, o trabalho avança maneira muito lenta", admitiu a negociadora-chefe do Azerbaijão, Yalchyn Rafiev.

"Ninguém vai se molhar antes de quarta-feira em termos de números", previu um participante direto das sessões de negociação, que acontecem a portas fechadas.

Os ministros devem chegar à capital do Azerbaijão na próxima semana para a fase final das negociações.

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