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São Paulo tem sofrido com fortes chuvas (Paulo Pinto/Agência Brasil)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de março de 2025 às 18h00.
O agravamento da crise climática tem levado as maiores cidades do mundo a enfrentar variações extremas entre períodos de seca e chuvas intensas, um fenômeno descrito como “efeito chicote" (ou climate whiplash, na tradução em inglês).
É isto que revela um novo estudo publicado nesta quarta-feira (12) após analisar as 112 maiores metrópoles globais e mostrar que 95% delas tem uma tendência clara de sofrer com eventos extremos repentinos e bruscos.
Na lista das mais críticas, estão cidades como Lucknow, na Índia, Madrid, na Espanha, e Riyadh, na Arábia Saudita. No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro também são citadas, trazendo como foco sua vulnerabilidade frente a nova realidade imposta pelo clima.
Esta variação climática em grandes centros urbanos tem causado danos significativos: os impactos são sentidos tanto nas infraestruturas quanto na vida cotidiana da população, com riscos crescentes de inundações e secas, além de problemas no acesso a água potável, saneamento e alimentos, destaca a análise. Os mais afetados são os grupos vulneráveis, justamente os que menos contribuem com as mudanças climáticas.
Locais com infraestrutura hídrica precária, como Karachi, no Paquistão, e Cartum, no Sudão, apresentam maior vulnerabilidade. Segundo o estudo, 90% das catástrofes climáticas estão relacionadas à falta ou excesso de água, e mais de 4,4 bilhões de pessoas vivem em áreas afetadas.
O aumento das temperaturas globais, impulsionado pelas emissões de gases estufa, tem favorecido a ocorrência de eventos climáticos extremos como secas e inundações. Katerina Michaelides, da professora da Universidade de Bristol e uma das autores do estudo, destacou que as mudanças climáticas são “dramáticas” e apresentam padrões imprevisíveis em diferentes partes do mundo.
Além dos desafios da adaptação, muitas cidades já enfrentam problemas sérios de abastecimento de água, saneamento e proteção contra enchentes -- o que torna tudo mais difícil.
O impacto desses eventos também foi observado em cidades como Nairóbi, no Quênia, onde a população sofreu com secas prolongadas que causaram escassez de água e perdas de colheitas, para, em seguida, enfrentar chuvas torrenciais que provocaram inundações devastadoras.
A análise também identificou 24 cidades que passaram por mudanças climáticas drásticas neste século, com os maiores saltos de clima úmido para seco ocorrendo em Cairo (Egito), Madrid (Espanha), Riyadh (Arábia Saudita), Hong Kong (Japão) e San José (EUA).
Os eventos extremos tem provocado escassez de água, interrupções nas cadeias de suprimento de alimentos e até apagões de energia em lugares dependentes de hidrelétricas.