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A presença de carros elétricos no maior mercado automotivo do mundo ainda é tímida. Atualmente, a participação de mercado não chega a 2% (Martin Pickard/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 12h35.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 18h09.
O estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, irá banir a venda de veículos a gasolina em 2035. O governador Charlie Baker, republicano, anunciou a medida no último dia do ano, ao divulgar o plano de descarbonização do estado. A meta é zerar as emissões até 2050. Pelos cálculos da administração, os veículos de passageiro são responsáveis por mais de um quarto do carbono jogado na atmosfera.
Massachusetts é o terceiro estado americano a proibir os carros a gasolina. Os democratas Gavin Newsom, governador da Califórnia, e Phil Murphy, de Nova Jersey, haviam feito o mesmo no ano passado. Baker é o primeiro republicano, do partido do presidente Donald Trump, a proibir o combustível fóssil nos veículos de passeio. A expectativa é que, com o democrata Joe Biden na Casa Branca, mais estados sejam incentivados a seguir por essa estrada.
A presença de carros elétricos no maior mercado automotivo do mundo ainda é tímida. Atualmente, a participação de mercado não chega a 2%. Porém, as vendas de elétricos já superam as de veículos com transmissão manual. Nos próximos dois anos, são esperados pelo menos 39 lançamentos de modelos a bateria pelas montadoras que atuam no país. A infraestrutura de abastecimento também vai aumentar — o plano de Massachusetts inclui a expansão dos pontos públicos de recarga.
Mas é a chegada de Biden à Presidência que deve realmente impulsionar o setor, e levar outros governadores a acelerar a transição da gasolina para a eletricidade. O presidente eleito anunciou, por exemplo, que pretende multiplicar por 5 o número de pontos de recarga no país, instalando meio milhão de tomadas em dez anos — para isso, no entanto, ele depende do congresso.
A pressão da indústria e dos consumidores pode facilitar o trabalho de convencimento dos congressistas. Um relatório da empresa de pesquisas BloombergNEF aponta que os carros elétricos custarão menos do que os a gasolina em quatro anos. O fiel da balança será o custo das baterias. Quando chegar a 100 dólares por quilowatt-hora, o que deve ocorrer em 2023, os motores a combustão interna não vão mais compensar. O valor das baterias caiu mais de 90% nos últimos dez anos.
Apesar dos avanços, os Estados Unidos estão atrasados nessa transição. Muitos países europeus, como Alemanha, França e Inglaterra, proibirão a gasolina entre 2030 e 2040. Esses países aprovaram subsídios para veículos elétricos. Alemães e franceses conseguem adquirir um carro a bateria por meio de um leasing de 9,90 euros por mês (cerca de 60 reais), o equivalente a um plano básico de telefonia celular. O Japão também tem planos de banir o combustível em meados da próxima década.
No Brasil, alguns bancos já oferecem financiamento facilitado para aquisição de carros elétricos, como o Santander. O Itaú aposta no compartilhamento. O banco lançou, em novembro, o VEC Itaú, serviço semelhante ao das bicicletas compartilhadas, só que com veículos a bateria.