Projeto de armazenamento de energia solar em baterias da Tesla em Kauai, no Havaí. (Tesla/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 30 de novembro de 2021 às 10h41.
As baterias devem chegar com força no mercado brasileiro a partir de 2022. Essa é a visão de André Pepitone, presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor elétrico. “Esse será o ano das baterias”, afirmou Pepitone na segunda-feira, 29, durante evento promovido pela empresa de tecnologia chinesa Huawey. “Vamos trabalhar para construir a regulação necessária.”
O armazenamento de energia, segundo o dirigente, é parte importante para o crescimento das fontes limpas de energia, eólica e solar. Pepitone destaca que o Plano Nacional de Energia, estratégia que define as prioridades do país em termos de investimentos na área, prevê um aumento da participação dessas fontes na matriz elétrica, para cerca de um terço do total.
As baterias têm o papel de regular a carga no sistema, uma vez que as energias provenientes do sol e do vento são intermitentes.
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Pepitone também destacou a necessidade de avançar na regulação da chamada geração distribuída, modelo, muito utilizado pelo setor de energia solar, em que a produção de energia ocorre de forma descentralizada em pequenos sistemas, como no caso dos painéis solares instalados em telhados de residências.
Há uma questão tributária que impede a comercialização de energia por pessoas físicas. Atualmente, os sistemas de geração distribuída conectados à rede elétrica ganham créditos para serem descontados na conta de luz que são isentos do ICMS. Por isso, não é possível vender a energia gerada com painéis solares residenciais, por exemplo.
Para Pepitone, as mudanças por que passa o setor elétrico irá fazer com que consumidores de energia se tornem gestores, alterando a relação com as distribuidoras. Novas tecnologias de geração, aliadas a sistemas de dados e inteligência artificial, viabilizarão o surgimento de modelos diferenciados de tarifa e de contratação de energia. Cabe ao órgão regulador acompanhar essas transformações.
Em relação aos níveis dos reservatórios, Pepitone afirmou que a situação está mais controlada, porém, ainda há riscos para o abastecimento. “A última vez em que tivemos os reservatórios completamentos cheios foi em 2009”, destacou o dirigente.
O cenário deve melhorar a partir de 2023, quando o governo espera renovar o parque de usinas termelétricas, atualmente muito defasado. Este ano, o preço da energia nas usinas térmicas chegou a 2,5 mil reais por megawatt. Segundo Pepitone, essa infraestrutura, além de ineficiente e cara, é muito poluente. O plano é substituir o diesel por combustíveis mais amigáveis ao meio ambiente, como o gás natural.