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Árvores como indicadores: estas startups mensuram seus resultados pelo ganho ambiental

Em 2020, as empresas Lemon e Moss salvaram juntas quase 1 milhão de árvores

Em 2020, as startups Moss e Lemon Energia ajudaram a preservar mais de 700 mil árvores no país (Agência/Getty Images)

Em 2020, as startups Moss e Lemon Energia ajudaram a preservar mais de 700 mil árvores no país (Agência/Getty Images)

“Hoje não faz mais sentido dizer que é impossível e que não sabemos como ajudar a Amazônia e combater as mudanças climáticas. A compra de créditos de carbono é a resposta”, afirma Luis Felipe Adaime, criador da Moss, primeira bolsa de carbono brasileira. O otimismo do empreendedor é resultado de um 2020 repleto de números que expressam o sucesso do novo mercado da floresta em pé e priorização da economia limpa.

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A Moss surgiu em março deste ano e, após 10 meses em operação, comprou cerca de 60 milhões de reais em créditos de carbono para seis diferentes projetos da Amazônia.  Ao intermediar  e também fazer a compra desses créditos, a Moss protegeu, de forma indireta, cerca de um milhão de hectares de floresta - o que equivale a 565 milhões de árvores.

“Não há nada mais rentável do que comprar um pedaço da Amazônia para proteção”, diz. Segundo Adaime, o retorno gira em torno de 20% a 25% ao ano.

O exemplo de Ricardo Stoppe é citado pelo empreendedor. Stoppe é o principal comprador pessoa física do mercado de carbono no país e já faturou mais de 18 milhões de reais com o mercado em ascensão. Com o intermédio da Moss, Stoppe já vendeu e conservou cerca de 300 mil hectares da região amazônica, apenas em 2020. Foram ao todo 169 milhões de árvores preservadas que, segundo Adaime, terminariam sendo pastagens ou plantações de soja.

Somadas às 565 milhões de árvores preservadas, as 169 milhões de árvores salvas por Stoppe aproximam a Moss de encerrar o ano preservando 734 milhões de árvores. Para 2021, Adaime afirma que a Moss crescerá na mesma proporção otimista que o mercado de carbono, tido como uma das soluções para combater o aquecimento global.

Mensurar ganhos ambientais também é tradição para a Lemon Energia, startup de energia solar. A empresa trabalha com a gestão de carteiras de clientes para grandes usinas de energia solar e atua nas tratativas para a popularização dos painéis fotovoltaicos para consumidores finais em todo o Brasil.

De acordo com a Lemon, as empresas que recebem energia fotovoltaica por intermédio da startup deixaram de emitir 162.000 toneladas de carbono em 2020. Para absorver todo esse carbono, seriam necessárias 4.878 árvores, o equivalente a 14 campos de futebol.

Cerca de 5.000 empresas compõem o portfólio de clientes da Lemon, e a projeção da startup é crescer exponencialmente ainda em 2021. “Temos o desafio de deixar claro para os nossos clientes, que o impacto é positivo não apenas para eles, no âmbito das empresas, mas também para o mundo”, diz Rafael Vignoli, co-fundador e presidente da Lemon.

Nos próximos três anos, Vignolli diz que a Lemon vai impedir a emissão de 800 mil toneladas de carbono na atmosfera. Uma das maneiras de viabilizar essa expansão é por meio de uma parceria com a Ambev ainda no próximo ano que pretende atingir pequenas empresas que são clientes da fabricante.

A ideia é que com essa ponte, a Lemon seja capaz de explicar o conceito e a tecnologia da energia solar e popularizá-la entre as pequenas. “No mercado atual, é possível dizer que a Ambev é uma das poucas empresas com um capilaridade que vai dos bairros mais nobres ao mais simples. E é com essa presença que queremos mostrar às pequenas empresas que elas podem economizar e tornar a energia solar mais acessível”, diz.

O que vem pela frente

As perspectivas mostram que os dois setores terão anos fartos pela frente. No caso da energia solar, que cresceu 52% no Brasil somente durante a pandemia, os acordos firmados entre pequenas e grandes empresas devem ser cada vez mais populares. A Agência Internacional de Energia estima que, em 20 anos, a energia solar deve ultrapassar todas as outras fontes energéticas do mundo em capacidade instalada, levando consigo também o setor industrial, antigo aliado do carvão.

Já para o mercado de carbono, a expectativa é de que com a tratativa para o artigo 6º do Acordo de Paris, incentive a nova economia e impulsione empresas a destinarem capital para compensação em massa. Ainda no mundo corporativo, gigantes como Apple, Unilever, Amazon e Google já se comprometeram a compensar um número razoável de toneladas de carbono nos próximos anos.

Salvar o meio ambiente nunca foi tão popular - e tão lucrativo. Um levantamento da Morningstar diz que o crescimento de fundos ESG, sigla em inglês para governança ambiental e social das empresas, no mundo foi de 1,1 bilhão em 2019. Em 2020, esse número deve ser 10 bilhões de dólares. Até 2024, cerca de 40% dos ativos em circulação nos mercados de capitais serão lastreados em algum pilar ESG, segundo uma pesquisa recente da maior gestora do mundo, BlackRock.

 

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