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COP28 em Dubai: Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil conversa com a equipe da EXAME em Dubai (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 08h49.
Última atualização em 5 de dezembro de 2023 às 09h04.
Carlo Pereira se diz um otimista. O CEO do Pacto Global da ONU no Brasil explica que a COP (conferência do clima das Nações Unidas), por ser um evento internacional cada vez mais conhecido, gera muitas expectativas na sociedade civil, que espera avanços rápidos. Mas, a diplomacia não funciona dessa maneira. “Aqui é um ambiente negocial”, afirma Pereira.
Nesta segunda-feira, 4, teve início a segunda semana da 28º Conferência das Partes da ONU, a COP28, o evento climático mais esperado do ano, que reúne chefes de Estado, a sociedade civil e empresas em um só lugar. Neste ano, o palco para essa grande reunião é Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Como já é tradicional na cobertura da EXAME, parceira oficial de mídia do Pacto Global, o editor ESG da revista, Rodrigo Caetano, conversou com o CEO da organização, sobre as expectativas e os resultados alcançados.
“Essa é uma COP importante. É uma conferência principal e não intermediária, com várias discussões relevantes, como o Global Stocktake, para entendermos como avançamos desde o Acordo de Paris”, diss Pereira.
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Os relatórios com base na ciência – como os estudos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) – já pontuam com clareza que a sociedade está lidando com um contexto de recorde de emissões de gases de efeito estufa (GEE), principalmente o carbono. Por esse motivo, Pereira comenta que nunca foram tão importantes as ações de adaptação e resiliência climática.
“A pressão da sociedade civil está cada vez mais forte, em cima dos governos e empresas. Então, esses dois atores começaram a se mexer para lançar iniciativas, programas e projetos, não necessariamente ligados ao acordo final, ao texto oficial da COP28”, afirmou Pereira.
Segundo Pereira, as COPs priorizaram a agenda do Norte Global, mas a situação está mudando. Com as secas na Amazônia e os tornados em Santa Catarina, por exemplo, as consequências das mudanças climáticas estão mais perceptíveis. O clima está esquentando. Por isso, pensar em adaptação, mitigação e oportunidades da agenda climática é cada vez mais comum.
“O setor financeiro se mobilizou, de um lado por pressão da sociedade e de outro, porque a economia está migrando para um mundo sem carbono”, disse Pereira. Por esse motivo, é fundamental pensar numa transição justa, na qual “o ser humano está no centro, além da molécula de carbono”. Para Pereira, é preciso planejamento e essa é uma transição gradual, em que o Brasil pode se beneficiar dessas mudanças por ter os setores de petróleo e mineração com baixa emissão de carbono.
“O país pode se beneficiar da transição energética, mas isso não vai acontecer sem intenção da sociedade inteira. É preciso clareza, profundidade e consistência para que o Brasil lidere a discussão”, disse Pereira.