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71% dos 687 negócios brasileiros estão no estágio de implementação de práticas sustentáveis e o principal motivo para a adoção é gerar impacto ambiental e social positivo, segundo a Amcham (AdobeStock)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de março de 2025 às 12h18.
Última atualização em 14 de março de 2025 às 15h38.
O mundo enfrenta uma emergência climática, e as empresas precisam fazer parte da solução.
Mesmo com alguns retrocessos a nível global após a posse de Trump nos EUA, é cada vez mais claro que práticas ESG (meio ambiente, social e governança) não podem retroceder e têm se tornado cada vez mais essenciais nas companhias, impulsionadas pela crescente demanda por soluções e investimentos verdes que beneficiem o meio ambiente e a sociedade.
No Brasil, o cenário é promissor. A última pesquisa Panorama ESG 2024, realizada pela Amcham Brasil, revelou que 71% dos 687 negócios brasileiros estão no estágio de implementação de práticas sustentáveis e o principal motivo para a adoção é gerar impacto ambiental e social positivo (78%).
Outro estudo da Beon ESG e Aberje divulgado no início deste ano também mostrou que o ESG cresce no Brasil e 64% das empresas já consideram sustentabilidade como prioridade estratégica.
Em ano de Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) em Belém do Pará, o setor privado também deve participar das negociações do clima e mostrar que está fazendo a 'lição de casa'.
De olho nos próximos anos, executivos compartilham as principais tendências ESG que merecem atenção e podem transformar os negócios.
A bioeconomia circular surge como uma alternativa ao modelo tradicional de produção e descarte, apostando na reutilização de resíduos descartados para transformar em matéria-prima em novos ciclos produtivos -- e reduzir a geração de lixo poluente.
Segundo Ubiratan Sá, CEO da Mush, uma startup especializada em materiais sustentáveis, essa tendência vem se expandindo à medida que as empresas buscam reduzir desperdícios.
O executivo prevê que, em 2025, a biotecnologia desempenhará papel crucial neste processo, principalmente na transformação de resíduos agrícolas em novas matérias-primas, ampliando a eficiência e sustentabilidade das operações empresariais.
A sustentabilidade na produção de alimentos está se tornando uma tendência crescente, com foco em reduzir o desperdício de água, minimizar a emissão de gases de efeito estufa e investir em práticas regenerativas.
No Brasil, o setor de uso da terra e o desmatamento é a principal fonte das emissões do país, o que traz uma enorme oportunidade de descarbonização na agricultura.
Paulo Ibri, CEO da Typcal, uma foodtech pioneira em fermentação de micélios, afirma que novos processos de produção, como a combinação de biotecnologia e fermentação, têm sido essenciais para atender à demanda por alternativas mais ecológicas. Essas práticas não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também aumentam a eficiência nas cadeias produtivas de alimentos.
Na moda, setor responsável por cerca de 10% de todas as emissões de gases estufa do mundo, o aumento do consumo consciente está impulsionando inovações sustentáveis na produção.
Antonio Carlos de Francisco, CEO da Muush, destaca o biotecido de micélio como uma das alternativas mais promissoras ao couro.
Produzido a partir de fungos, esse material não só imita as características do material, como também tem um impacto ambiental muito menor, com redução do consumo de água, emissão de carbono e eliminação de produtos químicos pesados.
O executivo também enfatiza que a indústria da moda está cada vez mais alinhada com a busca por estética e responsabilidade ambiental.
Outro ponto central é a redução do desperdício de alimentos. Segundo a ONU, o Brasil desperdiça cerca de 27 toneladas por ano e está entre os 10 países do mundo que mais jogam comida fora.
Alcione Pereira, fundadora da Connecting Food, ressalta que esse tema não apenas combate a insegurança alimentar, como também contribui para a mitigação das mudanças climáticas.
O descarte inadequado de alimentos é uma significativa fonte de emissão de gases de efeito estufa.Além disso, a redistribuição destes para outras organizações sociais é uma importante estratégia social, contribuindo tanto para a segurança alimentar quanto para o cumprimento das metas de descarbonização.
A responsabilidade social ganha cada vez mais destaque e empresas estão incorporando ações sociais em suas estratégias corporativas, como práticas de diversidade e inclusão.
A Parceiros Voluntários, por exemplo, promove iniciativas que integram este impacto social nas companhias há 28 anos.
Anna Paula Montini, Superintendente da organização, destaca que a colaboração entre empresas e organizações da sociedade civil tem se mostrado uma forma eficiente de promover o desenvolvimento social e fortalecer a reputação corporativa.
Ela aponta ainda que as empresas podem contribuir para causas sociais, como formação de jovens líderes e promoção da resiliência climática, tornando-se agentes transformadores nas comunidades em que atuam.