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Se for competente, o país será recompensado com maior crescimento socioeconômico e uma imagem de promotor global da transição energética. (CUHRIG/Getty Images)
Colunista
Publicado em 28 de maio de 2024 às 15h30.
Última atualização em 6 de junho de 2024 às 15h33.
Após décadas de investimentos alinhados à sua política internacional, a China domina a exploração e processamento de muitos minerais críticos, inclusive as terras raras, que são químicos vitais à transição energética por serem usados em ímãs, turbinas eólicas, visores de TVs e celulares, motores de veículos elétricos, painéis solares e baterias.
Como criar cadeias de suprimentos é tarefa complexa, demorada, a China deverá manter essa dominância por um tempo. Um relatório do Foreign Policy Research Institute argumenta que a dependência à China é "uma das maiores vulnerabilidades estratégicas para os EUA e aliados desde a crise energética pelo embargo ao petróleo árabe na década de 1970”.
Em 2023, o país reduziu exportações de alguns minerais em resposta a restrições comerciais dos EUA. Esse contexto pode ser uma oportunidade para o Brasil, considerando que muitos países não possuem recursos minerais ou não os conseguem explorar por dificuldades de licenciamento.
Apesar de ainda não ser um grande produtor, o Brasil tem reservas de minerais de onde pode extrair as terras raras e outros minerais críticos à transição energética: é o maior produtor de nióbio, usado em ligas de aço de alta resistência; tem reservas de manganês, usado no aço e em baterias; é o maior produtor mundial de bauxita, usada para produzir alumínio; possui reservas de grafite, usado em baterias e materiais como o grafeno, com inúmeras aplicações; produz estanho, usado em solda e revestimento; produz níquel, usado no aço inox e baterias; pode produzir mais lítio, usado em baterias.
Além do potencial mineral, o Brasil é uma democracia estável, um país sem conflitos internacionais, parceiro comercial, e já possui uma boa infraestrutura de mineração. Ou seja, tem as credenciais para se aliar estrategicamente aos EUA, Europa, Japão e até China na extração e processamento das terras raras e outros minerais críticos.
Para isso deve buscar parcerias internacionais, promover levantamentos geológicos para melhor quantificar suas reservas, investir em novas tecnologias e infraestrutura para processar os minerais localmente, com maior valor que sua exportação simples. Práticas de mineração sustentáveis serão igualmente indispensáveis.
Se for competente, o país será recompensado com maior crescimento socioeconômico e uma imagem de promotor global da transição energética.