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Usina solar: fontes renováveis deverão responder por 80% do mercado de geração de energia nova até 2030, segundo a AIE (Germano Lüders/Exame)
Leo Branco
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 10h20.
Fontes renováveis estão a caminho de ultrapassar o carvão nesta década como combustível favorito no mundo para geração de eletricidade, informou a Agência Internacional de Energia (AIE).
Na maioria dos países, estruturas fotovoltaicas solares já são mais baratas do que usinas abastecidas por carvão e gás natural, concluíram pesquisadores da agência sediada em Paris no relatório anual sobre tendências globais em energia.
O custo menor e os esforços governamentais para reduzir emissões prejudiciais ao clima devem diminuir cada vez mais a participação do carvão e dar às fontes renováveis 80% do mercado de geração de energia nova até 2030, segundo a AIE.
As conclusões marcam um distanciamento notável dos combustíveis fósseis na oferta mundial de energia, em um momento em que as autoridades buscam maneiras de conter a emissão de gases causadores do efeito estufa que são responsabilizados pelo aquecimento global.
As usinas hidrelétricas continuarão sendo a maior fonte de energia renovável, mas a energia solar está se aproximando rapidamente porque o custo de fabricação e instalação dos painéis caiu muito.
“Vejo a energia solar passando a reinar nos mercados de eletricidade do mundo”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da AIE, em comunicado divulgado junto com o relatório na terça-feira. “Com base nas políticas públicas de hoje, está a caminho de bater novos recordes de implementação todo ano após 2022.”
As projeções da agência se baseiam no chamado Cenário de Políticas Declaradas, que presume que a Covid-19 será gradualmente controlada no ano que vem e que a economia global voltará aos níveis observados antes da pandemia. O cenário inclui intenções e metas anunciadas que, na avaliação da agência, são fundamentadas por medidas detalhadas para que se concretizem.
Também está previsto que a demanda de gás natural diminuirá lentamente em nações desenvolvidas, especialmente na Europa, enquanto a demanda de carvão recuará no mundo todo. Cerca de 275 gigawatts de capacidade movida a carvão, ou 13% do total em 2019, serão desligados até 2025, a maior parte nos EUA e na União Europeia. Esse movimento vai mais que compensar o aumento na demanda de carvão nas economias em desenvolvimento na Ásia.
A participação do carvão no fornecimento de energia global deve encolher de 37% em 2019 para 28% em 2030. Em 2040, o combustível que já foi o preferido das distribuidoras de eletricidade terá fatia inferior a 20% pela primeira vez desde a revolução industrial, concluiu a AIE. Esse declínio pode ser ainda mais acentuado se os governos acelerarem o ritmo de descarbonização.
Essas premissas exigem grandes investimentos nas redes elétricas, que precisam ser modernizadas para absorver o abastecimento por meio de fontes mais diversas que só funcionam quando o sol brilha ou o vento sopra.
Os investimentos para modernizar, expandir e digitalizar as redes precisam chegar a US$ 460 bilhões em 2030, dois terços a mais que no ano passado. Esse gasto ajudará na ativação de 2 milhões de quilômetros em novas linhas de transmissão e 14 milhões de quilômetros em redes de distribuição, ou 80% a mais do que foi adicionado nos últimos 10 anos, de acordo com a agência.