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Empresa traz para o Brasil protocolo contra assédios e abusos sexuais utilizado no caso Daniel Alves

Desenvolvido em Barcelona e conhecido como No Callem, protocolo é referência em proteção a vítimas de violência sexual em bares, baladas e casas de show. Kassy Consultoria oferece treinamento e certificação para os estabelecimentos

Leis para garantir a proteção de mulheres em bares e restaurantes ainda não atuam no âmbito federal (skynesher/Getty Images)

Leis para garantir a proteção de mulheres em bares e restaurantes ainda não atuam no âmbito federal (skynesher/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 8 de março de 2024 às 08h08.

Inspirada no protocolo espanhol No Callem (não se calem, em português), a empresa de ética corporativa Kassy Consultoria criou o selo Mais Seguros, que aponta os estabelecimentos capacitados para ajudar e orientar as vítimas em casos de assédios e abusos sexuais.

A consultoria oferece treinamentos para bares, restaurantes e casas de shows sobre como identificar e agir em casos de violência, importunação e discriminação contra mulheres, pessoas LGBTQIAP+ e negras. A capacitação segue as leis já existentes no Brasil sobre como o setor de entretenimento deve agir em casos de agressão sexual, ativas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Após o treinamento, realizado de forma presencial e virtual, o estabelecimento recebe o selo Mais Seguros, que fica visível nos corredores e banheiros do local com orientações para os funcionários e clientes. De acordo com o fundador da consultoria, Vinicius Cassimiro Carvalho, o selo inibe a pessoa mal-intencionada e protege as frequentadoras do espaço. “As cartilhas mostram que o local está treinado para prestar apoio, mas também orientam as vítimas sobre como pedir ajuda em caso de uma violência sexual”, afirma.

O programa se baseou no protocolo No Callem, criado em 2018 em Barcelona. A medida, que é referência internacional na proteção de vítimas de agressão sexual, foi aplicada no caso Daniel Alves. Em fevereiro, o jogador de futebol foi condenado a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual contra uma mulher em uma boate na Espanha.

Além de garantir mais segurança para os clientes dos locais, especialmente às mulheres, pessoas LGBTQIAP+ e negras, Carvalho afirma que a capacitação é benéfica ainda para os estabelecimentos, que podem ganhar reconhecimento ao se tornarem espaços seguros. “Hoje, se espera que uma empresa saiba reagir a esse tipo de violência. Quando uma mulher sai de casa, ela já sai com a preocupação de sofrer uma agressão. Esse trabalho é importante para proteger contra assédios no setor de entretenimento, que ainda não tem tanta atenção ao tema”, conta.

O selo já foi aplicado em 6 empresas, incluindo bares, cafeterias e um evento de cervejarias, mas pretendem impactar espaços em cidades que ainda não possuem leis focadas na proteção contra violências sexuais e discriminatórias em bares e restaurantes.

Em São Paulo, uma ação parecida foi implementada pelo setor público. Conhecido como protocolo Não se Cale, a ação já formou mais de 400 profissionais do setor de entretenimento para agir em casos de agressões e violências sexuais. A capacitação é oferecida pela Secretaria de Políticas para a Mulher e dá direito ao selo “Estabelecimento Amigo da Mulher”.

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