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Empreendedorismo feminino, uma força que move a sociedade brasileira

Com aposta em valorização das interseccionalidades e inovação, o Sebrae ampliará o alcance de programa que já atendeu mais de 14 milhões de empreendedoras

 (Sebrae/Divulgação)

(Sebrae/Divulgação)

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Publicado em 17 de junho de 2024 às 15h16.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 18h10.

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Por Margarete Coelho*

O empreendedorismo feminino no Brasil é uma força imparável, que tem transformado as realidades de mulheres, além de suas famílias e comunidades em todo o país. Apesar de enfrentarem preconceitos históricos e ainda profundamente arraigados na sociedade, as mulheres donas de negócio estão ocupando cada vez mais espaço em todos os segmentos de atividade, inclusive naqueles tradicionalmente dominados por homens.

Aquelas que decidem empreender encontram toda ordem de obstáculos que os empreendedores do sexo masculino também precisam encarar, como excesso de burocracia, falta de apoio dos agentes financeiros, sobrecarga tributária e dificuldade de acesso à inovação, entre outros. Mas, para elas, há ainda obstáculos agravados pela cultura machista. Que muitas vezes começam dentro de casa.

Foi o que mostrou uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em que constatamos que as mulheres contam com menos apoio de seus parceiros e precisam comprometer quase o dobro de horas diárias nos cuidados com pessoas da família ou com afazeres domésticos, quando comparado ao tempo gasto por homens à frente de uma empresa.

O ambiente de negócio também é normalmente mais hostil a elas. Outro levantamento do Sebrae apontou que 42% das empresárias já presenciaram situações de preconceito contra outra mulher à frente de uma empresa e 25% já sofreram na própria pele atitudes discriminatórias. A consequência dessa realidade é que muitas empreendedoras acabam questionando a própria competência para ocupar esses espaços.

O mesmo estudo revela que os homens se sentem mais confiantes na liderança de um empreendimento do que as donas de negócio. Entre as empresárias, o sentimento de segurança e autoconfiança é compartilhado por 70% das entrevistadas; para os homens, o índice chegou a 85%.

No entanto, apesar dessas barreiras, há boas notícias e perspectivas positivas. O crescimento do empreendedorismo feminino é inegável, trazendo consigo uma série de benefícios para a economia e para a sociedade como um todo. O bom momento vivido pela economia no ano passado beneficiou o conjunto das empresas brasileiras, mas foi particularmente mais positivo para os negócios liderados por mulheres.

Apesar do rendimento médio ter crescido em ambos os grupos, dados do Sebrae mostram que as empreendedoras tiveram um aumento maior (9,4%) do que o registrado pelos homens (5,6%). Com isso, a diferença entre os rendimentos dos dois gêneros caiu quase 5 pontos percentuais (de 31,4% para 26,7%) de 2022 para 2023.

A queda na diferença de rendimento entre homens e mulheres confirma a importância de o país continuar apoiando as políticas de inclusão e redução das desigualdades de gênero. Devemos trabalhar para ampliar a participação das empreendedoras, sobretudo em cadeias produtivas mais intensivas em tecnologia e inovação, que proporcionam rendimentos mais elevados do que áreas como beleza, alimentação e cuidados com a saúde, por exemplo, onde predominam as empresas lideradas por mulheres e que demandam menor qualificação, gerando rendimentos menores.

Além disso, as redes de empreendedoras distribuídas em todo o país têm contribuido para a melhora de outras condições femininas ao, por exemplo, emancipar milhares de vítimas de violência doméstica e abuso financeiro, ajudando a transformar a vida dessas mulheres e de famílias inteiras.

Pensando nessas diferentes realidades, criamos, em 2003, o Programa Sebrae Delas que – somente nos últimos cinco anos – já atendeu mais de 14 milhões de mulheres e deu orientações e consultorias para quase 4 milhões de empresas que contam com mulheres como sócias ou proprietárias. O programa surgiu para incentivar, valorizar e acelerar a jornada de mulheres empreendedoras. Em 2024, vamos ampliar o nosso olhar para as mulheres de forma interseccional, abrangendo diversos grupos, como mulheres negras, com deficiência, periféricas, com mais de 60 anos, entre outros.

Também neste ano, vamos lançar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, que vem sendo realizado desde 2004 e já alcançou mais de 80 mil empreendedoras, uma nova categoria para reconhecer o protagonismo de mulheres na área da inovação tecnológica.

Não há como retroagir nas conquistas que já alcançamos. Quando se colocam em movimento, as mulheres têm o poder de mudar toda a sociedade. Vamos seguir contribuindo para expandir consciências e transformar a realidade.

Margarete Coelho é diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional

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