DAVOS, SWITZERLAND, CANTON GRISONS city night panorama in winter of the city and jakobshorn covered with snow. Winter ski sports resort and home of the WORLD ECONOMIC FORUM every january (montipora/Getty Images)
Reduzir a emissão de gás metano da cadeia da pecuária é a meta da DSM, empresa de suplementos alimentares para o agronegócio. A companhia desenvolveu um produto que, adicionado à ração do gado de corte e de leite, diminui em 30% as emissões provenientes da fermentação entérica dos bovinos, a principal fonte de metano brasileira. “Isso é realmente revolucionário”, afirma Maurício Adade, presidente da DSM na América Latina. “Assinamos um contrato com a JBS para levar o suplemento a 30 mil animais.”
Receba gratuitamente a newsletter da EXAME sobre ESG. Inscreva-se aqui
A cadeia de alimentos e a crise climática estão conectadas em dois lados. As emissões do agronegócio são relevantes em função do desmatamento e das emissões de metano do gado. Ao mesmo tempo, a produção de alimentos é a primeira a ser afetada pelas mudanças do clima. “Antes se falava muito da mudança climática, completamente independente do que é alimentação e nutrição”, diz Adade. “Hoje se vê que não é possível falar de mudança climática sem endereçar a crise de alimentos.”
Para Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU, os temas relacionados à segurança alimentar, ao meio ambiente, à segurança energética e às pautas sociais não vão arrefecer. “Pelo contrário, eles têm de ser acelerados”, diz pereira. “A gente tem visto as empresas fazendo compromissos e se habilitando a ser um motor nessa transição que é tão necessária. Neste momento, as lideranças precisam ter coragem não só para falar, mas também para agir.”
Na Noruega, uma das nações mais avançadas ambientalmente, três pautas são trabalhadas, atualmente, pelo setor empresarial: segurança, segurança alimentar e cadeia de suprimentos. “Precisamos de toda a cadeia de valor para fazer a transição acontecer”, diz Kim Nogueria Gabrielli, CEO do Pacto Global Noruega. “Uma das coisas mais importantes que vemos hoje é a segurança alimentar. E para que possamos cuidar disso, países como o Brasil e a Noruega precisam trabalhar juntos. A cadeia de valor alimentar é global, precisamos dos produtores, dos fazendeiros e dos consumidores.”
As mudanças mundiais vão acontecer a uma velocidade sempre mais rápida, segundo Alexandre Allard, CEO do Cidade Matarazzo. “O que a humanidade enfrentará nos próximos anos é uma loucura, uma revolução total, temos de reinventar tudo”, afirma. “O foco de Davos cada vez mais está na regeneração do mundo verde, nas grandes preocupações da humanidade e em como enfrentar o problema que nós criamos nos últimos 100 anos.”
Fique por dentro de todas as notícias sobre ESG. Inscreva-se aqui
Para Allard, o modelo tradicional de coordenação global, com a ONU de um lado e os empreendedores de outro, terá de ser alterado. “Temos de juntar nossos esforços. O princípio do Pacto Global é exatamente isso, ajudar, beneficiar, organizar, aproveitar da agilidade, da rapidez do mundo das empresas que têm essa obrigação de se adaptar pra sobreviver, inventar novos modelos”, afirma.
Gustavo Montezano, presidente do BNDES, enxerga oportunidades para o Brasil nessa transição. “Os grandes temas debatidos em Davos são a guerra na Europa e o aquecimento global. Ambos convergem para soluções similares”, diz ele. “Para atacar esses desafios, passa-se necessariamente por melhorar, desenvolver e usar mais as fontes de recursos naturais que existem nos países emergentes, seja na África ou na América do Sul. Os países africanos e sul-americanos têm um papel chave no combate ao aquecimento global.”
Nesse sentido, o Brasil tem oportunidades relevante no hidrogênio verde e na venda de crédito de carbono dos seus ativos florestais. “Isso ficou claro em Davos”, completa o presidente do BNDES.
O Fórum Econômico Mundial buscou engajar as lideranças empresariais latino-americanas no debate sobre as soluções para esses desafios globais. "Depois de mais de dois anos desde a última reunião anual em Davos, voltamos a nos reunir em um contexto extremamente desafiador, talvez o mais desafiador dos últimos 30 anos”, afirma Thales Panza de Paulo, engagement lead do Fórum. “Também buscamos trazer empresas que estão transformando indústrias e que tenham a ambição e energia de liderar iniciativas e ações conjuntas”. Essa é a tendência.