ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Ela ganhou prêmio de R$ 300 mil levando educação ambiental para jovens mulheres

Renata Koch Alvarenga, fundadora da EmpoderaClima, conversa com a EXAME com exclusividade sobre os avanços na organização, vencedora do Beautiful Forces Grants

Quantia será investida em um projeto de resiliência climática e prevenção de desastres no Rio Grande do Sul (Renata Alvarenga/Acervo pessoal)

Quantia será investida em um projeto de resiliência climática e prevenção de desastres no Rio Grande do Sul (Renata Alvarenga/Acervo pessoal)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 11h53.

Tudo sobreMulheres
Saiba mais

Ainda nos tempos de escola, a gaúcha Renata Koch Alvarenga aprendeu sobre as mudanças climáticas, a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global por um olhar científico. Foi com o passar dos anos que percebeu a conexão desses temas com as populações vulneráveis: jovens, mulheres, pessoas negras, indígenas e com deficiência são os primeiros e principais impactados pelos efeitos climáticos extremos.

Logo que completou 18 anos, a gaúcha começou a atuar no ativismo ambiental. Esteve presente na COP21, em Paris, por meio da ONG Engajamundo, que leva jovens ativistas para espaços internacionais de discussão. “Foi naquela Conferência — em que aconteceu o Acordo de Paris, meta do clima mais ambiciosa até então — que percebi o quanto a representação de jovens e mulheres era limitada nesses espaços”, conta.

Entre chefes de Estados, primeiros-ministros e presidentes presentes, pouquíssimos eram mulheres. Também havia os países para os quais as discussões sobre direitos das mulheres tinham sua importância reduzida. Foi assim que Renata decidiu criar um projeto que pudesse usar unir esse público com a discussão ambiental.

Nascia então a EmpoderaClima, organização que busca conectar as temáticas de clima e gênero a partir da educação. No último ano, a iniciativa foi selecionada para o Beautiful Forces Grants, premiação que busca fortalecer líderes femininas e suas iniciativas globais. A estratégia é desenvolvida pela Vital Voices — organização sem fins lucrativos de criada por Hillary Clinton — e a companhia de beleza Estée Lauder.

"Bomba climática": em Davos, Carlos Nobre analisa saída americana do Acordo de Paris

O primeiro passo foi criar uma base de dados multilíngue que coleta pesquisas, artigos e outros materiais em tópicos como a ecologia feminina, políticas climáticas de gênero, educação ambiental para meninas, entre outros. “Assim, conseguimos uma gama enorme de assuntos em inglês, português, espanhol e francês”, explica.

No entanto, foi na produção de artigos originais escritos por jovens que a organização encontrou seu carro-chefe, incluindo discussões sobre temas mais complexos, como ecofeminismo e agricultura sustentável por mulheres.

A organização também desenvolveu o programa Empoderando pelo Clima, iniciativa que seleciona jovens mulheres de todo o país para se desenvolverem enquanto ativistas e especialistas nas mudanças climáticas.

O último processo seletivo buscou encontrar mulheres com boas históricas e ações de impacto em suas cidades, mas que pela falta de recursos, nunca alcançaram espaços de discussão. “Foram mais de 200 inscritas, das quais selecionamos 15 jovens, incluindo ribeirinhas e indígenas, para entrar no programa com uma bolsa de estudos e aprender mais sobre a política climática e o ativismo jovem”, conta.

Líder fundou EmpoderaClima, que leva educação sobre clima e gênero para jovens mulheres em todo o Brasil (Renata Alvarenga/Acervo pessoal)

Educação ambiental nas escolas

O trabalho também passa por escolas, incluindo um público que sofre os efeitos das mudanças climáticas desde cedo. A organização realiza workshops em colégios de São Paulo, Salvador e Porto Alegre, em parceria com pessoas e grupos que já lideram o ativismo nas regiões. “Os jovens estão começando a votar, saindo do ensino médio, e têm a possibilidade de se conectar a esses debates. Por isso, plantar essa semente mais cedo é essencial”, conta Alvarenga.

A fundadora da EmpoderaClima ainda explica que a ausência de temas como a crise climática nos currículos escolares ajuda para que a agenda seja vista como algo distante, restrita à Organização das Nações Unidas ou a fóruns no exterior. Para ela, a educação ambiental nas escolas é uma das formas de resolver este problema.

“Tudo começa na educação. E não se trata apenas de iniciar mais cedo no tema, mas de criar oportunidades para os jovens. Se olharmos para os dados de energia renovável, vemos que há poucas engenheiras no setor. Equidade de gênero, justiça social e ação climática estão diretamente ligadas à educação”, conta.

Prestes a completar 6 anos de trabalho, a EmpoderaClima já conta com quase 50 voluntários e quer acelerar seu trabalho para estar presente em ainda mais locais no Brasil neste ano, marcado pela COP30, que será realizada em Belém. “Queremos trazer jovens da Amazônia que já contam com um trabalho no bioma para esse espaço de discussão, além de levar a visão das mulheres para a resiliência e adaptação climática”, disse.

Renata ainda conta que a quantia de quase R$ 300 mil recebida a partir da premiação Beautiful Forces será investida em um projeto de resiliência climática e prevenção de desastres no Rio Grande do Sul ainda neste ano.

Acompanhe tudo sobre:ClimaMulheresMudanças climáticasCOP30Exame Plural

Mais de ESG

Casa à prova de incêndios ensina lições para a reconstrução em Los Angeles

CCR investe em energia eólica e abastece 60% do consumo de metrôs e trens em SP

Cientistas confirmam que mudanças climáticas pioraram incêndios em Los Angeles; entenda

SAP tem nova presidente na América Latina