ESG

Dia do Idoso expõe necessidade de inclusão em uma sociedade que envelhece

A data é celebrada nesta sexta-feira. Em 2030, Brasil terá mais idosos do que crianças pela primeira vez, o que traz desafios sociais

 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 1 de outubro de 2021 às 06h00.

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Em 2030, o Brasil terá um número maior de idosos do que de crianças pela primeira vez na história. Em 2050, as pessoas com mais de 60 anos representarão 30% da população brasileira, um contingente de quase 70 milhões de pessoas. Será o dobro de participação em comparação ao ano 2000. Nesta sexta-feira, 1, é celebrado o Dia do Idoso. A data chama atenção para essa tendência demográfica e para a necessidade de incluir a população mais velha, social e profissionalmente.

O cenário traz desafios sociais e econômicos. A expectativa de vida, que hoje é de 76,6 anos, aumentou em 31 anos desde a década de 40, impactando a previdência. A digitalização tende a excluir profissionais mais experientes do mercado, à medida que a tecnologia absorva funções gerenciais. Os mais velhos também sofrem com o estigma de serem mais conservadores e desatualizados tecnologicamente.

“Estamos vivendo uma revolução da longevidade”, escreve Sofia Esteves, presidente do conselho do grupo Cia. de Talentos, em artigo para a EXAME.  “É a partir dessa configuração populacional que se deve pensar o futuro do trabalho e a relação intergeracional dentro das organizações. Afinal, se a inclusão de pessoas acima de 50 anos não for integrada às estratégias das empresas, o país irá enfrentar problemas de falta de mão de obra em pouco tempo.”

Questão social

Os idosos correspondiam, em 2019, a quase 20% dos chefes de família, acima da média geral, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. Eles estão mais presentes nas classes mais altas, e representam 17% dos 5% mais ricos.

Com o envelhecimento da população, mais famílias estão tendo de cuidar de idosos. O número de familiares que se dedicavam a cuidados de indivíduos de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019, segundo dados do IBGE.

O abandono e os maus tratos, no entanto, se acentuaram com a covid. No início da pandemia, em março do ano passado, o número de denúncias de violação do direito de idosos, realizados pelo serviço Disque100, era de 3 mil mensais. Dois meses depois, havia passado para 17 mil.

Nesse campo, o trabalho do Terceiro Setor é importante para preencher lacunas deixadas pelo poder público. Há 20 anos, o Instituto Velho Amigo promove a inclusão de idosos em situação de vulnerabilidade social. A organização sem fins lucrativos já beneficiou mais de 15 mil pessoas, por meio de atendimento direto em seu centro de convivência na favela de Heliópolis, em São Paulo, ou do apoio a instituições de atendimento a essa população.

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O valor da experiência

Em relação ao mercado de trabalho, há o desafio de preparar os brasileiros para a idade avançada. Um caminho apontado por especialistas é o de preparar os profissionais e as companhias para exigir alta performance de seus funcionários desde cedo e, ao mesmo tempo, trabalhar conceitos como o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho para, lá na frente, esses profissionais sentirem menos o tranco da idade, e do estresse da vida cotidiana, sobre o seu corpo e mente.

Sofia Esteves, da Companhia de Talentos, usa uma analogia esportiva para demonstrar a importância de as empresas prepararem seus profissionais para um rendimento de excelência no curto prazo.

“Dentro do esporte, os atletas antes se aposentavam cedo, principalmente por causa do esforço físico. Nós vemos o Ronaldo, por exemplo, que um dos grandes motivos de ter se aposentado foi uma série de contusões e as consequências das mudanças de peso constantes. Tom Brady, por outro lado, sempre foi muito disciplinado. Mesmo em um esporte com muito corpo a corpo, ele sempre teve um preparo físico adequado”, diz Esteves.

“Os obstáculos diminuíram muitos nos últimos anos. O mercado está muito pronto para abrir espaço para profissionais mais velhos que fizeram uma segunda graduação. Trazer pessoas com maturidade tem se tornado uma forma de trazer equilíbrio para as equipes também”, diz Sofia Esteves.

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