ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Desmatamento representa um risco de US$ 1,3 bilhão para a JBS

Estudo aponta que fazendas que fornecem para a empresa desmataram 1,7 milhão de hectares desde 2008, o equivalente a 8% do total nacional

JBS (JBS/Divulgação)

JBS (JBS/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 07h00.

Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 09h09.

O desmatamento não é um problema recente. Mas, a preocupação do mercado financeiro com a destruição do meio ambiente só ganhou força nos últimos meses, ao ponto dos maiores bancos brasileiros formarem uma aliança para defender as florestas. O cenário cria um risco para empresas de setores associados ao desmatamento. O legado dessa destruição pode fechar a porta dos financiamentos, o que gera perdas financeiras reais e calculáveis. 

É o que mostra um estudo realizado pela Chain Reaction Research (CRR), consórcio de entidades conservacionistas que realiza estudos financeiros e de risco sobre temas ambientais. A organização analisou o desmatamento na cadeia de fornecimento da maior empresa brasileira em faturamento, a JBS. O que ela encontrou foi uma exposição “descomunal” a riscos associados com a atividade destrutiva. E isso pode custar à companhia 26% do seu lucro, o equivalente a US$ 1,3 bilhão, e um custo de capital 30% mais elevado. 

Foram analisadas 983 fazendas que fornecem diretamente para a JBS e 1.874 que vendem indiretamente, ou seja, são controladas por fornecedores diretos. No primeiro caso, o desmatamento registrado alcança 200 mil hectares nos últimos 12 anos. O maior problema está nos indiretos: 1,5 milhão de hectares no mesmo período. Somada, essa cadeia responde por 8% de todo desmatamento do Brasil. 

Em nota, a JBS refutou a metodologia utilizada pela CCR. "Ao extrapolar uma área média de desmatamento associada a uma amostra de propriedades para o total de fornecedores da companhia (diretos e indiretos), a CCR considera que 100% das fazendas possuem desmatamento. Além disso, abordagens como essa não levam em consideração o efeito das políticas e práticas adotadas pelas empresas para mitigar o risco de desmatamento em suas cadeias de valor", afirmou a empresa (leia nota completa ao final da reportagem). 

“A JBS está em uma encruzilhada”, afirma Tim Steinweg, analista da CRR. “Ou ela resolve os riscos relacionados ao desmatamento em toda sua cadeia, ou arrisca perder acesso ao mercado financeiro internacional.” 

Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou quatro cenários, calculando os prejuízos de impactos baixo, médio e alto. Os maiores riscos decorrentes do desmatamento incluem o fechamento de fábricas, perda de acionistas, restrição à exportação, maior sensibilidade dos consumidores ao tema (especialmente na China) e concorrência com as carnes produzidas a partir de vegetais. 

Problema real 

Embora ainda em pequena escala, algumas dessas consequências negativas já podem ser verificadas. Em julho, o grupo sueco Nordea Asset Management, que conta com € 220 bilhões sob gestão, decidiu excluir a empresa de todos os fundos que administra.

Segundo Eric Pedersen, o chefe da área de Investimentos Responsáveis da gestora, a decisão se deu após um período de conversas entre o Nordea e a empresa brasileira, em que questões relativas ao meio ambiente e à governança corporativa não foram respondidas a contento.

Superando expectativas 

No segundo trimestre deste ano, a JBS superou a Petrobras em receita pela primeira vez, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economática.

Entre abril e junho, a receita da JBS chegou a R$ 67,6 bilhões, aumento de 32,9% na comparação com o segundo trimestre de 2019. Já a Petrobras teve uma receita de R$ 50,9 bilhões, queda de 29,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Aproximadamente 74% das vendas globais da JBS no período foram realizadas nos mercados domésticos em que a companhia atua e 26% por meio de exportações.

JBS refuta metodologia utilizada no estudo

Nota da JBS:

"A JBS refuta a metodologia aplicada pela Chain Reaction Research, pois, ao extrapolar uma área média de desmatamento associada a uma amostra de propriedades para o total de fornecedores da Companhia (diretos e indiretos), considera que 100% das fazendas possuem desmatamento. Além disso, abordagens como essa não levam em consideração o efeito das políticas e práticas adotadas pelas empresas para mitigar o risco de desmatamento em suas cadeias de valor. A JBS adota uma abordagem de tolerância zero ao desmatamento desde 2009 e foi uma das primeiras empresas do setor a investir em políticas e tecnologias para combater, desencorajar e eliminar o problema em toda sua cadeia direta de fornecimento."

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaDesmatamentoJBSMercado financeiro

Mais de ESG

O que é adaptação climática e o fundo de perdas e danos?

Incêndios no Pantanal ameaçam cobra-d’água, único réptil exclusivo do bioma

Rio de Janeiro firma acordo para monitoramento da costa e mitigação de impactos climáticos

Executivos do petróleo marcam presença na COP29 e ONGs denunciam lobistas