Vegetação de cerrado (Lena Trindade/Brazil Photos/LightRocket/Getty Images)
Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento no Cerrado aumentou 25,3% no último ano do mandato de Jair Bolsonaro. São 10.688,73 km2 de vegetação nativa, quase o equivalente ao território do Catar, a maior taxa de devastação do Cerrado em seis anos.
No Cerrado, especificamente, há uma taxa de desmatamento médio anual de 8.361 km2. O número empata com a média dos quatro anos anteriores nos governos Dilma e Temer (8.250 km2 por ano de 2015 a 2018). O governo atual foi o único que registrou três aumentos seguidos na taxa de desmatamento em um mesmo mandato desde 2001, o início das medições das taxas.
“Assim como na Amazônia, o desmatamento no Cerrado não parou de crescer, mais uma cortesia do desmonte ambiental do governo que se encerra. No Cerrado, a situação é preocupante porque o bioma já foi proporcionalmente mais devastado que a Amazônia. A maior parte do desmate ocorre em áreas privadas, e mesmo assim tem indícios de ilegalidade, segundo dados do MapBiomas. Estamos demolindo a caixa d’água do país, e nem as empresas de commodities, nem os mercados consumidores parecem incomodados com isso”, afirma o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.
O Estado do Maranhão concentrou a maior parte da devastação, com 2.833,92 km2, seguido por Tocantins (2.127,52 km2), Bahia (1.427,86 km2) e Piauí (1.188,78 km2). Juntos, os Estados representam 71% do desmatamento no bioma. Dos 13 Estados do bioma, houve queda do desmate em Rondônia e Mato Grosso.
Porém, o prognóstico não é muito positivo. No último dia 6, uma nova legislação foi aprovada pela União Europeia contra o desmatamento importado. Com ela, 74% do Cerrado brasileiro, maior produtor de commodities para o mercado europeu, permanece sob risco de desmate. Enquanto, a Amazônia ganha regras mais rígidas. A regulação proíbe a entrada no mercado europeu de commodities após 31 de dezembro de 2022.
“Mais uma vez, o Cerrado é colocado como bioma de sacrifício”, diz Guilherme Eidt, assessor de políticas públicas do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza), sobre a vegetação nativa em outras áreas que ficaram fora da nova lei.