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Desastres climáticos com a água forçaram deslocamento de 40 milhões de pessoas em 2024

Estudo avalia como as inundações e secas afetaram locais como Bangladesh, Espanha, Brasil e norte da África

Segundo a pesquisa, se as emissões de carbono continuarem aumentando, a tendência é que inundações sejam cada vez mais fortes (Fraport Brazil/AFP)

Segundo a pesquisa, se as emissões de carbono continuarem aumentando, a tendência é que inundações sejam cada vez mais fortes (Fraport Brazil/AFP)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 16h17.

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Em 2024, desastres climáticos relacionados à água causaram a morte de mais de 8.700 pessoas, o deslocamento de 40 milhões e danos econômicos acima dos US$ 550 bilhões. A informação é do Global Water Monitor Report, produzido por uma equipe de pesquisadores de países como Austrália, Arábia Saudita, China e Alemanha.

De acordo com o estudo, as variações na água são causadas pelo aumento das temperaturas, que interfere de diferentes formas em cada fenômeno. Há o agravamento das secas e da evaporação do solo a partir das alterações do padrão da chuva. No ar, o aquecimento impacta em chuvas mais intensas.

Já nos mares, as águas mais quentes podem intensificar furacões e tufões. De acordo com a pesquisa, o Tufão Yagi, que deixou estragos pela Ásia em setembro, foi um dos eventos intensificados pelas mudanças climáticas.

No ano marcado pelos eventos extremos, alguns países estiveram entre os mais afetados pelas chuvas intensas. Na China, a inundações aos rios Yangtze e Rio das Pérolas causaram destruições em cidades e o prejuízo de milhões de dólares às lavouras.

Na Espanha, o mês de outubro foi marcado pela chuva de mais de 500 mm em apenas oito horas. Similar aconteceu no Rio Grande do Sul, onde o esperado para dois meses choveu em apenas três dias, gerando inundações com estragos visíveis ainda hoje por todo o Estado.

No Bangladesh, as chuvas em agosto afetaram seis milhões de pessoas. No Afeganistão e Paquistão foram mais de mil mortos por contas das inundações.

Clima extremo

Já a seca, que reduziu a produção agrícola pela metade, foi responsável pela escassez de alimentos que afetou mais de 30 milhões de pessoas no sul da África. A falta d’água também impactou o fornecimento de energia a partir de hidrelétricas, gerando apagões em diversos países. Na Amazônia, a pesquisa conecta a seca com as queimadas, que devastaram mais de 52 mil km² em setembro.

Segundo a pesquisa, se as emissões de carbono continuarem aumentando, a tendência é que inundações sejam cada vez mais fortes, as secas se prolonguem mais e ultrapassemos novos recordes relacionados ao clima extremo.

De acordo com o estudo, o aumento do volume das chuvas tem se mostrado cada vez mais frequente. No último ano, os recordes mensais de precipitações foram quebrados 27% a mais do que em 2000. Já os recordes diários foram superados 52% mais vezes. O mesmo aconteceu nas secas: os recordes de chuvas mais baixos foram quebrados 38% mais.

Os pesquisadores avaliam que neste ano, as secas devem piorar no sul da África, partes da Ásia e no norte da América do Sul. Já as chuvas podem ser mais intensas na faixa entre o deserto do Saara e a savana do Sudão e na Europa, com risco de inundações.

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