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Segundo a EPE, o custo das fontes eólica e solar é quase metade do custo das hidrelétricas, por megawat gerado (Peter Cade/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 4 de março de 2021 às 11h13.
Após uma queda no ano passado, por causa da pandemia, a demanda por energia voltará a crescer a partir deste ano. Dados da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) apontam para um aumento de 2,2% ao ano no consumo, residencial e comercial, até 2030. Para dar conta desse crescimento, serão necessários, segundo a EPE, investimentos de 365 bilhões em geração e transmissão de energia elétrica, no período. A questão é para quais fontes esses investimentos serão direcionados.
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Para Anderson de Oliveira, diretor de operações da AES Brasil, uma das maiores geradoras de energia do país, não há dúvidas: a demanda será garantida por meio das fontes solar e eólica. Até mesmo novas hidrelétricas estão descartadas. “Os grandes reservatórios já foram explorados”, afirmou Oliveira. “O Brasil tem muito potencial para energias renováveis. Os ventos do Nordeste, por exemplo, são diferentes de todos os lugares do mundo.”
A AES já conta com um portfólio 100% renovável, mas com grande presença de hidrelétricas. Oliveira ressalta que a energia das águas não será abandonada. Porém, o foco é usar os reservatórios das usinas como uma gigante “bateria”. Enquanto o sol brilha e o vento sopra, a empresa armazena água. Quando as fontes renováveis entram em declínio pela falta de sol e vento, as hidrelétricas entram em ação.
Construir novas hidrelétricas é complicado pelo impacto que esse tipo e obra gera. “O impacto de qualquer usina em seu entorno é muito grande”, diz Oliveira. Há um custo ambiental também. A AES cuida de 4.500 Km de matas nas bordas dos reservatórios – para se ter uma ideia, é mais da metade da extensão do litoral brasileiro, que tem 7.367 Km.
A opção pelas renováveis ainda ajuda no comprimento dos compromissos de descarbonização assumidos pela companhia. A AES anunciou no final do ano passado a meta de neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa até 2025, e se tornar positiva em carbono, ou seja, capturar mais do que gera, até 2030.
Custo reduzido
As usinas solar e eólica também se mostram mais baratas do que as hidrelétricas, segundo a EPE. No Plano Decenal de Energia, documento que municia o governo com estudos para a definição da política energética, entregue em fevereiro, a entidade considera uma faixa de CAPEX entre 3.000 e 5.500 reais por megawatt para as gerações a partir do vento e do sol.
Entre os projetos de hidrelétricas que já aprovaram estudos de viabilidade técnica e ambiental, a que tem um custo mais baixo é a de Telêmaco Borba, no Paraná: 8.934,53 reais por megawatt. A mais cara é a de Danivópolis, na Paraíba, cujo CAPEX estimado chega a 15.244,23 reais por megawatt. Já para as termelétricas, só foram consideradas as abastecidas com biomassa e gás natural. Ambas apresentam custo semelhante ao das fontes eólica e solar.