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De volta para o futuro: qual o papel das hidrelétricas no novo cenário energético

Modernização e repotenciação de usinas podem garantir mais flexibilidade e segurança ao sistema elétrico, mas exigem avanços regulatórios

Hidrelétricas: modernização pode garantir maior eficiência e flexibilidade ao sistema elétrico. (Ascent Xmedia/Getty Images)

Hidrelétricas: modernização pode garantir maior eficiência e flexibilidade ao sistema elétrico. (Ascent Xmedia/Getty Images)

Thiago César
Thiago César

Colunista

Publicado em 10 de março de 2025 às 16h00.

No Brasil, a geração hidrelétrica praticamente coincide com o desenvolvimento dos sistemas elétricos por Thomas Edison, George Westinghouse e Nikola Tesla.  Hoje, o Brasil possui uma capacidade hidrelétrica de cerca de 108 gigawatts (GW). Esta tecnologia é conhecida pela maturidade e longa vida útil de estruturas, especialmente barragens. No entanto, assim como um carro com 20 anos de uso não tem o mesmo desempenho de um veículo novo, há uma queda no rendimento das usinas com o tempo.

O tempo também traz a inovação tecnológica e a mudança da dinâmica do setor elétrico, que representam relevante oportunidade de melhoria dos aproveitamentos hidrelétricos. Investimentos podem garantir vida útil adicional de muitas décadas, mantendo elevada qualidade de operação dessas usinas.

Esses investimentos podem ter diferentes objetivos:

- Reabilitação ou retrofit, com foco na recuperação do desempenho original;

- Repotenciação, visando o aumento da capacidade e eficiência;

- Modernização, via implantação de novas tecnologias que reduzem custos operacionais e aumentam a confiabilidade;

- Ampliação, com adição de novas unidades geradoras;

- Uma nova abordagem, também conhecida como "reavaliação de propósito" ou "reaproveitamento" dos ativos, é otimizar os equipamentos para os requisitos mais demandados atualmente, como capacidade, flexibilidade e compensação de reativos.

Em 2019, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão responsável pelo planejamento energético brasileiro, mapeou o potencial das usinas que podem receber esses investimentos, identificando 51 usinas, totalizando 50 GW de capacidade.

Este potencial passa a ser ainda mais interessante no atual cenário de expansão do Sistema Interligado Nacional (SIN), em que a demanda de energia tem sido atendida de forma diversa, com destaque para eólicas e solares fotovoltaicas.

Com o aumento da participação destas fontes, cuja produção de energia não é controlável, o sistema passa a demandar mais recursos gerenciáveis e confiáveis, capazes de prover serviços como capacidade de ponta e flexibilidade operacional. Como as hidrelétricas são os provedores naturais destes serviços, os investimentos em hidrelétricas existentes capazes de ampliar a capacidade produtiva se apresentam como uma excelente solução em condições altamente competitivas.

No entanto, o setor elétrico ainda carece de mecanismos que viabilizem tais investimentos, uma vez que o preço horário da energia ainda não sinaliza adequadamente essas necessidades. Além disso, os atuais mecanismos de remuneração de outros serviços não oferecem sinais econômicos suficientes para viabilizar esses investimentos.

Iniciativas que permitam que usinas hidrelétricas existentes participem do próximo leilão de reserva de capacidade (LRCAP 2025) estão indo na direção certa, ao reconhecer a importância desse recurso. No entanto, ainda são necessários novos avanços, como não restringir a participação apenas a unidades adicionais, criando um regulamento que permita que usinas existentes sejam remuneradas por investimentos que aumentem sua flexibilidade e capacidade.

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