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Helder Barbalho, governador do Pará, em painel sobre estratégias de preservação da biodiversidade na Amazônia, na Brazil House, em Davos. (Brazil House/Divulgação)
Editora ESG
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 11h54.
Última atualização em 21 de janeiro de 2025 às 12h22.
*De Davos
Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o governador do Pará, Helder Barbalho, tem dedicado sua agenda a atualizar o mundo sobre os preparativos para a COP30, que sediará em Belém, no mês de novembro. A COP tem sido abordada tanto nas reuniões oficiais quanto em eventos paralelos que acontecem na Promenade, a tradicional avenida da cidade suíça que concentra a programação paralela do fórum.
Nesta terça (21), após participação em um painel a respeito das estratégias de preservação da biodiversidade na Amazônia, na Brazil House, o político conversou com EXAME sobre o que considera "avanços significativos na estruturação da infraestrutura da cidade", que deve receber representantes de quase 200 países que devem comparecer à Cúpula do Clima.
Navios e dias exclusivos para chefes de Estado
Para acomodar os cerca de 60 mil participantes esperados, Barbalho afirma que o desenvolvimento de soluções inovadoras para hospedagem está de vento em popa. De acordo com ele, como prometido anteriormente, o governo paraense está finalizando a contratação de dois navios transatlânticos que funcionarão como hotéis flutuantes, disponibilizando aproximadamente 5 mil leitos de alto padrão.
Adicionalmente, uma parceria com a Itaipu com investimento de R$ 224 milhões para a construção da chamada "Vila Líderes", que oferecerá 500 quartos cinco estrelas para delegações oficiais. Já o setor hoteleiro tem se beneficiado de isenção de ICMS para investimentos em modernização, aquisição de equipamentos e mobiliário.
Paralelamente, Barbalho declarou que segue em articulações de parcerias com plataformas como Airbnb e Booking para ampliar a oferta de acomodações, além de, conforme divulgado na última semana, colocar em curso o plano para transformar 17 escolas públicas em hostels temporários.
"Teremos ainda uma programação estrategicamente estruturada", disse o governardor, sugerindo que estimulará uma agenda escalonada para administrar o fluxo de público na cidade ao longo das duas semanas de evento. "Os dois primeiros dias devem ser dedicados aos líderes e chefes de Estado, concentrando as demandas dos representantes de alto nível nesse período inicial", explicou.
A expectativa é de que a expansão da rede de hospedagem deva beneficiar também municípios num raio de 150 quilômetros de Belém, distribuindo o impacto econômico do evento pela região metropolitana e interior próximo.
Especulação tem gerado reclamações
Para além das questões sobre a capacidade hoteleira, crescem as reclamações relacionadas à especulação imobiliária. Marcas, empresas e organizações da sociedade civil, que tradicionalmente participam das COPs com espaços proprietários, relatam dificuldades para garantir lugares em Belém, enfrentando desde valores elevados até entraves de toda natureza para firmar contratos.
Sobre a delicada questão, o governador reconhece que o aquecimento do mercado é um fenômeno esperado nesta fase de preparação - e observado em outros países que receberam a COP. "Estamos vivendo um período de acomodação, onde algumas pessoas estão se antecipando dentro do senso de oportunidade da oferta", observou.
Para ele, o setor de serviços deve experimentar um crescimento significativo - e parece ser a sensibilização do setor de turismo neste sentido, a estratégia adotada para tentar contornar as excessivas variações de preço.
Atualmente, cerca de 2,5 mil pessoas trabalham diretamente no setor hoteleiro em Belém. No período da Conferência é esperado um aumento de 40% nas contratações. "E estamos investindo pesadamente na qualificação profissional, com 22 mil pessoas recebendo formação gratuita" lembrou o governante.
Postura dos EUA não deve afetar compromissos do setor privado
Em relação às preocupações sobre possíveis impactos de conjunturas internacionais desfavoráveis, como a postura dos Estados Unidos em questões climáticas e as útimas ações de Donald Trump, Barbalho é cauteloso em relação ao impacto imediato.
"Precisamos aguardar para entender até onde a repercussão desta postura (do presidente americano) terá aderência ao mercado americano. São coisas completamente distintas.", opinou. ""As companhias americanas são signatárias de compromissos em cada setor. É claro que quando você tem um presidente dos Estados Unidos, maior líder político mundial, fazendo um chamado em torno de uma agenda, ela alavanca, inclusive negativamente", ponderou.
Contudo, o governador do Pará defende que a conexão entre economia e clima é irreversível: "as empresas já entendem que precisam incorporar os riscos climáticos em seus negócios. Por isso, entendo que a iniciativa privada terá um papel protagonista na continuidade desta agenda", afirmou.