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Da Amazônia à selva maia: dois países se unem para preservar a natureza

Entre Colômbia e Guatemala, territórios são protegidos de incêndios, desmatamentos para fins agropecuários e até a incursão do tráfico de drogas, e abrigam comunidades que fazem exploração controlada das florestas

Esperança: fauna, representada na foto pelos quatis, e flora são protegidos com a estratégia de controle das áreas (AFP Photo)

Esperança: fauna, representada na foto pelos quatis, e flora são protegidos com a estratégia de controle das áreas (AFP Photo)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 2 de agosto de 2024 às 16h20.

Na exuberante selva maia, no norte da Guatemala, na maior área protegida da América Central, cerca de trinta líderes da Amazônia colombiana aprendem e compartilham estratégias com agricultores guatemaltecos sobre como viver da floresta sem destruí-la.

Ao pé de árvores altas e frondosas de mogno e cedro, na Reserva da Biosfera Maia, o grupo explicou suas práticas de proteção florestal e explorou o modelo de concessão implementado desde 1994 na Guatemala pelo estatal Conselho Nacional de Áreas Protegidas (CONAP).

O projeto guatemalteco consiste em alcançar um equilíbrio mediante o qual as comunidades reflorestam, cortam árvores de forma controlada, cultivam grãos e vegetais, coletam plantas ornamentais e desenvolvem turismo de baixo impacto.

"Isso garante que as comunidades obtenham recursos econômicos que também são bons para a conservação", disse à AFP Sergio Balan, diretor regional do CONAP, no município de Melchor de Mencos, perto da fronteira com Belize.

A reserva da Biosfera Maia se estende por 2,1 milhões de hectares e faz fronteira com México e Belize. A cada ano, sua flora e fauna são ameaçadas por incêndios, desmatamentos para fins agropecuários, entre outros riscos, incluindo a incursão do tráfico de drogas.

Nesse território existem cerca de cem sítios arqueológicos, como a antiga cidade Maia de Tikal, um dos principais pontos turísticos da Guatemala, e por onde passam os visitantes membros dos Núcleos de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade da Amazônia Colombiana.

Na reserva e perto de Tikal também fica o parque pré-hispânico de Uaxactún, onde ambos os grupos participaram de uma cerimônia maia com fogo alimentado com velas e resina de árvores.

Os líderes colombianos, cuja visita se estendeu por uma semana, destacaram, por outro lado, os avanços na redução do desmatamento na Amazônia colombiana em 61% entre 2021 e 2023, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente da Colômbia.

De camponês a camponês

Atualmente, existem 16 concessões ativas que ajudam na conservação de quase 619.000 hectares de selva, segundo o CONAP. As licenças de exploração madeireira controlada também incluem algumas empresas privadas e são concedidas por 25 e 30 anos.

A concessão “não só proporciona emprego, mas também formação para exercer diferentes funções”, afirma o guatemalteco Erwin Maas, que além de conhecer as tarefas da exploração florestal, é guia turístico.

O CONAP estima que as concessões geram por volta de 150.000 empregos diretos e indiretos na reserva.

Em uma parte do caminho, os visitantes encontraram uma fileira de troncos cortados que são empilhados para serem levados à serraria. São provenientes de árvores selecionadas cujo corte controlado permitirá o aproveitamento da madeira e a regeneração da floresta.

"Uma das grandes ideias que levamos conosco é a forma de organização que eles tiveram para persistir ao longo do tempo", disse Arístides Oime, presidente da Asojuntas de Cartagena del Chairá.

"De camponês a camponês, eles nos fazem ver como podemos realmente melhorar (...) Queremos mostrar como acreditamos fielmente que o desmatamento não é o caminho, e que a saída é a preservação ambiental", comenta.

A coordenadora da ONG Programa Coração da Amazônia da Colômbia, Luz Rodríguez, considera que, ainda que existam diferenças nas comunidades guatemaltecas, elas levam consigo o aprendizado do “exercício de governança sobre o território”.

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